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Artigos-->APELO AO BOM SENSO -- 28/07/2002 - 13:48 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
APELO AO BOM SENSO

(por Domingos Oliveira Medeiros)



“Diga o melhor. Pense o resto.” Ou então: “De calar, não te arrependerás nunca; de falar, muitas vezes”, frases que me vêm à memória, a propósito do mais novo imortal da Academia Brasileira de Letras. De que adianta esta discussão, sobre o merecimento ou desmerecimento de ocupar a cadeira, se ela, a discussão, não vem sendo acompanhada de argumentação consistente. Quem gosta das obras do Paulo Coelho, bem como os que a detestam, deveriam apresentar razões de ordem técnica ou literária para dar suporte às suas opiniões. Do contrário, o silêncio seria mais prudente.



Até porque, justiça seja feita, não se pode formar juízo acerca da obra de determinado escritor sem observar alguns pré-requisitos. Um deles, básico, que seria o de ler suas obras. E, mesmo assim, caso a leitura não fosse completa, restringido-se a um ou outro livro, ainda assim o julgamento seria precipitado. Quando menos, temeroso. O escritor Umberto Eco, por exemplo, não foi feliz, segundo a crítica especializada, em relação ao seu último livro. Segundo a crítica literária, o autor, apreciado por eles, nesta obra, simplesmente, estaria irreconhecível. Esse fato é válido para todos os escritores. O que não quer dizer que não haja escritores que são, sempre, ruins. Ou, ao contrário, sempre, bons.



O assunto, no meu modo de ver, não se esgota na simples abordagem literária. A bem da verdade, ele extrapola o mundo das letras para ingressar no universo da economia de mercado capitalista. No mundo da política de influências. Na questão do poder. Na questão sociológica que envolve toda a patologia social. No mundo onde tem prevalecido, infelizmente, o objetivo da acumulação de capitais. A qualquer preço. A qualquer custo. Onde a quantidade superpõe-se à qualidade. Onde as questões de ordem ética e moral têm sido ignoradas. Onde o desrespeito ao ser humano é ponto pacífico. Não se fala mais nisso. É assunto encerrado.Coisa de um passado distante. O homem não é mais, como deveria ser, o centro de todo e qualquer projeto de desenvolvimento econômico e social.



Os exemplos estão por toda a parte. O que mais dele se assemelha seria o caso das publicações do Harry Potter, de J. K. Rowling. Tem gente que gosta. E tem gente que não. Mas está vendendo. E o que importa é a aferição do lucro. E não me deixa mentir o poço de futilidades em que se transforma, dia-a-dia, a nossa televisão. Sempre, evidentemente, e felizmente, guardadas algumas raras exceções. Como é o caso, citaria, do Programa do Raul Gil, na TV Record. Uma aula de como fazer bom uso desse instrumento tecnológico tão surpreendente quanto o cinema.



E tudo isso sem apelar para o modismo. O programa é todo calcado em”calouros”. De todas as idades. Pequenos e grandes brasileiros talentosos. Afinadíssimos. Cantando - e encantando - com suas músicas de qualidade. Nacionais e internacionais. De todos os estilos. Inclusive o clássico. Emocionante o programa. Chego ao exagero de dizer que, se fosse possível, o Raul Gil deveria cobrar um taxa extra para que o programa pudesse ser transmitido para nossos lares. Esta taxa poderia ser chamada de Taxa de Qualidade Agregada - TQA, Taxa de Bom Gosto Planejado TBGP, Taxa do Respeito Devido ao Cidadão Brasileiro – TRDCB, e assim por diante.



Diferente de outros programas, de outras emissoras. Que optaram pela contramão do bom senso. Pelo mau gosto bem remunerado. Visto pelo buraco da fechadura da insensatez. Dos que apostaram na banalização do sexo e na idiotização do ser humano. A troco de alguns pontos de audiência. Que pode significar um universo maior para a divulgação de produtos e serviços. Que podem atrair patrocínio sem compromisso com a arte e a cultura. Com a educação.



Situação não muito diferente de tantas pessoas ou grupos que “fazem sucesso”, isto é, vendem muito. Também, aqui, um parêntese para Às raras exceções de praxe. Mas, infelizmente, tem prevalecido o apoio da mídia, em geral, aos grupos de pagodes, às bandas de rock, às duplas sertanejas, e as carreiras solos que, nem sempre, se traduzem em boas canções ou boas interpretações. Arriscaria a dizer que, pelo menos, oitenta por cento dos artistas ditos profissionais, no setor musical brasileiro, não chega aos pés dos “calouros” que se apresentam no programa do Raul Gil. Sem falar no descaso dos chamados “profissionais”, que não divulgam toda a musicalidade brasileira. Escondem o nosso verdadeiro samba, com todas as suas variantes; sufocam o nosso chorinho, reconhecido internacionalmente como exemplo de boa música. Trocam o frevo pelo que se convencionou chamar de “axé-music”. Nada contra. Também aqui mais um espaço para exceções. E até mesmo a bossa nova, a música popular brasileira, de qualidade, de um Chico Buarque. Quase não se toca mais as composições do Cartola, do Nelson Sargento, de Vinícius de Moraes, de Toquinho e tantos outros.



Até em respeito a juventude que se renova, a mídia deveria rememorar nosso passado musical. Algum jovem de hoje, por acaso, já ouviu falar em Tito Madi? Elizeth Cardoso? Jamelão? Altemar Dutra? Clara Nunes? E mais recentemente: Paulinho da Viola? Sivuca? Dominguinho? Que tal Dijavan ? Bem, dirão alguns, gosto não se discute. Concordo. Mas qualidade é fundamental. É preciso acabar com o mito de que o chamado “povão” (conotação deveras preconceituosa), não gosta do que é bom. Pura mentira. Toda vez que a música clássica vai às ruas, que é tocada ao vivo, nos parques das cidades, o público alvo, o dito “povão”, comparece em massa. Emociona-se. E aplaude. E, infelizmente, na falta de coisa melhor, assiste, quase que obrigada, ou viciada, induzida, ao lixo que lhes oferecem algumas emissoras de televisão.



Domingos Oliveira Medeiros

28 de julho de 2002







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