SONETO (Já Não Se Faz Alta A Chama Da Vida)
Já não se faz alta a chama da vida
Que sustenta este meu corpo cansado.;
Da alma lúcida quase separado
Ao ver soltar-se do destino a brida.
Já me são raros os frutos da lida
Que me diz o presente haver tomado,
Quando vem colher flores do passado
Pra adornar o jardim da despedida.
Porém, vez que inda lida a minha mente,
Num instante do corpo afasto a morte.
E, malgrado me queira esta premente,
Não avisto cais pra que a vida aporte,
Vendo a nau de ilusões, nessa torrente,
Pouco mais navegar, só, à sua sorte.
MAURICIO DE MELO PASSOS |