Brilho de aluguel
Com lábios doces de mel,
num brilho de aluguel,
a moça de doces ternuras
vende delírios, loucuras.
Nascendo o sol,
ela dorme.
De auto-estima,
tem fome.
Desalojada do corpo,
lamenta o desamor.
As cores da purpurina
configuram sua dor.
Os sonhos adormeceram
na tez empalidecida.
O batom já não devolve
seu viço que se dissolve.
Ao abastecer-se de idade
nostálgica, mas sem saudade,
ocultará as amassadas
e rotas vestes douradas.
O amor não lhe deu frutos.
seu passado fechou-se em luto,
apagando o brilho alugado,
no desuso de um corpo cansado.
Nascendo a lua,
ela dorme.
Só em sonhos,
tem nome .
Maria da Graça Almeida
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