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Cronicas-->Um dia comum -- 18/06/2003 - 19:11 (Clodoaldo Turcato) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Ontem à tarde fui ao Parque 13 de Maio ver minha filha. Como tinha de levar a pensão dela, resolvi antes passar no meu banco (vejam: meu banco) para sacar o dinheiro. Tem uma agência de "meu banco" (perceberam...) em frente ao camelógramo, próxima da Avenida Guararapes. Estava prestes a entrar em meu banco (tá enchendo né?), quando do meio da multidão sabadeira saiu um indivíduo, que mal reparei os traços, à toda velocidade, perseguido por um grupo de homens ferozes. O rapaz tinha roubado algo - que não vim a saber o que fora - por isso da caçada.. Todos olharam àquela confusão e em poucos segundos o suposto ladrão foi alcançado e iniciou-se o devido corretivo. Eu e minha esposa saímos para o outro lado da rua onde estavam posicionados cerca de dez policiais militares em animada conversação. Informei-os do ocorrido e que naquele momento um amontoado de homens agrediam sem piedade um indefeso ladrão.
_ É ladrão, é? - perguntou-me um deles.
_ É, parece que roubo alguma coisa - respondi atónito.
_ Daqui a pouco a gente vai vê - voltando a escrever num livro preto apoiado na capota do carro.
Entrei no banco ( quem já não é mais "meu banco", pois estava sem graça), saquei o numerário ( sentiram?) e olhei para os policiais: todos estavam exatamente no mesmo lugar. Isso haviam se passado cerca de dez minutos. Não tinham dado um passo. O soldado a que dirigi a queixa continuava botando em dia a parte burocrática do trabalho. Nós saímos indignados, duramente indignados, e fomos cuidar da vida. Brinquei a tarde toda com minha filha. Só lembrei coitado do ladrão hoje quando não tive outro assunto para esta coluna.
Deste episódio tirei duas conclusões : a primeira que não existe diferença entre eu e o policial, afinal não fizemos nada; o nada que fazemos sempre pelo nosso semelhante. A segunda conclusão é que alguns seres humanos são tão mais selvagens que os primatas. Na menor oportunidade partem para a execução. Bater covardemente em indefesos é comportamento típico que nutrimos em nós . A pretexto de uma conduta social equilibrada nos aguentamos, feita gás comprimido que a menor abertura estoura; é o nosso animal interior que se liberta.
Numa hipótese de termos praticado a atitude certa, qual seria esta atitude, minha e do policial? O policial teria que ter ido ao menos averiguar minha informação e em caso de ser verdade, retirar o sujeito do meio da multidão e levá-lo para uma delegacia. Não sei como acabara aquela execução, tinha mais o que fazer naquela tarde. Poderia eu me desculpar, afinal levei ao conhecimento da autoridade policial o fato e está não tomou nenhuma atitude. Então por que eu não fui mais contundente ao ver que o guarda negligenciava? É o mesmo que fazemos com os políticos: sabemos que os mesmo se furtam à sua função e não cobramos às atribuições para que foram eleitos. Em um caso mais extremado, Cristão até, eu poderia ir até os espancadores e lembrado-os de que não eram a lei, que não tinha aparato legal para tal atitude. Com isso eu provavelmente seria acusado de comparsa do mal feitor e agredido da mesma forma. Fiquei com a indignação, aquela da "mosca sem assas". Indignação indigna.
A selvajaria está contida no homem. A polidez é atributo de poucos. Basta observarmos o comportamento das pessoas na sociedade. São atraentes as cenas de violência : os esportes de contato físico, cenas de ação e programas de baixo calão. Estes biótipos agregam multidões.
Fazer justiça com as próprias mãos já justificou ao longo da história a nossa vontade de libertar o bicho homem selvagem, demostrando claramente este animal em atitudes absurdas de violência gratuita. Quem já se envolveu em uma briga sabe do enorme prazer que dá socar alguém, mesmo que a resistência não exista. Não é ser covarde, mas sim macho, homem....
Faltou uma terceira conclusão: o problema dos outros que cuidem os outros. O policial tem seus livros para preencher e eu a minha filha pra brincar. Que se dane o ladrão!

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