Retirante sofrido
Leva vida atroz.
No seu chão ressequido
A desgraça é feroz.
Sempre tem prole grande
Em casebre miúdo
A miséria se expande
Tem-se fome de tudo.
Na panela a palma
Arremeda o feijão.
No curral nem a alma
De uma vaca ou leitão.
Não espera da vida
Mais que dela se vê.
So queria comida
Pra seus filhos valer.
Esse quadro de morte
Não é de hoje não.
Nordestino sua sorte
É severina ilusão.
Presidente falou
Que dá jeito pro ano.
Mas o tempo passou,
Eis um novo engano.