Quantas horas são necessárias para compreender o amor?
Se peço um momento, é infeliz meu pedido...
Atormentado e inseguro saio de cena: todas as luzes num único ponto.
Importância da vida pr’alguns é a ação demonstrada, exterior corrompido.
Um cupido sem flechas paira no ar, sua mira está em todos os lados:
Onde está o coração que vai servir de alvo?
Não se pode compreender nada sem argumentos exteriores.
Uns olhos silentes me prendem ao infinito mistério do amor.
Morte àqueles que fingem sua exterioridade, realidade brota do interior,
Nunca nos olhos se vêem flores, é preciso senti-las no ar que anda ao derredor.
Um leão sempre sonda sua presa não importando donde é a procedência, Natureza que sempre fala mais alto que a razão incorporada nos homens:
O sentimento, para ser entendido, só se vivido com a intensidade de olhos Vendados com o vento sempre presente, cheiro e instinto afloram a paixão!
Só peço um momento de sua atenção, desperdício necessário ao interior
Que demonstra toda sua extensão vivida sempre consigo mesmo.
Nunca a demonstração é simples audição premeditada, faz diferença,
Vive os momentos apreciados bem de perto, do coração vem o tatear, o ver.
Minha boca anseia por teu gosto, um momento apenas ao teu lado,
Flechas que valerão a pena, quão maior a distância do arremesso é a caminhada.
Só quem sente aprecia, ama, compreende o interior, escuta teus olhos.
Quantas horas mesmo? É necessário uma vida para apreender algo sobre a vida.
São tantas línguas, um anjo apenas, com apenas duas azas e dois olhos...
Flores, amores, montanhas, tudo vã insensibilidade contida na multidão.
Quem escreve tem por companheira a bela solidão,
Só assim é compreendido, só assim pode viver no interior consigo mesmo.
Amante perfeito que não tem escolha, nem opção, vagar é seu destino: solidão!
Peixe Poeta
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