ÉTICA E CLONAGEM
Leon Frejda Szklarowsky
(Publicado na Revista Jurídica Consulex 144, de 15 de janeiro de 2003)
Desde as cavernas, o ser humano tem procurado dominar as forças naturais. As antigas tradições pagãs, como também o Gênesis bíblico, situam-no sempre como o ser dominador e Ovídio, ao descrever a criação, observara que faltava, na natureza, um ser nobre e inteligente, que dominasse a Terra. Este é o ser humano.
O homem distingue-se dos demais seres, porque é o único que pode retificar os rumos da civilização, num sentido ou noutro, isto é, para o bem ou para o mal, e até riscá-lo definitivamente da face da Terra.
Neste momento dramático da história humana, após ter realizado o sonho de ícaro e atingido a Lua, rumará, sem dúvida, em direção a outros planetas e outras civilizações até então desconhecidas, no encontro com o imponderável.
Prepara-se, ainda, o homem para participar da concretização do sonho de substituir-se ao próprio Deus, alterando as leis naturais, quanto à reprodução e a sua perpetuação no Universo, inventando formas inimagináveis e produzindo profunda revolução que abalará os alicerces não só da ciência, mas precipuamente da religião, da ética, da moral e do Direito.
A clonagem humana não é mais mera expectativa, ficção científica ou antecipação do futuro. A ovelha Dolly é realidade. Anuncia-se aos quatro cantos que seres humanos também foram clonados. Nada está comprovado, por enquanto. Isto não significa, porém, que não possa ocorrer a qualquer momento, se já não aconteceu, efetivamente, em algum lugar do mundo.
Significativa fraude ou fantasia de cientistas ou apenas vontade de se projetarem com feitos ainda não realizados, fruto de vaidade ou insanidade, a verdade é que muitas indagações surgem e que não foram respondidas, quanto à s consequências psicológicas, físicas, biológicas, mentais e morais.
O homem jamais se aquieta. É de sua natureza a contínua busca, por novas descobertas, daí o progresso. As pesquisas, as experiências e o trabalho científico, que visam aprimorar as condições de vida do homem na Terra, devem ser estimuladas e não barradas, porque o obscurantismo consegue impedir a caminhada do homem, por algum tempo, mas não para todo o sempre.
Não obstante, o ser racional não pode jamais ceder ao ser sentimental ou apenas animal, pois o homem não é apenas matéria. É também alma e espírito. Deve sempre levar em conta a ética, a moral, a religião e o Direito.
Imagine-se povoar o planeta com monstros saídos de laboratórios, atentando contra as leis do Onipotente! Não pode a sociedade ficar alheia a tudo isto.
Afinal, por que fazer ruir a divina sagração de Deus que criou o Homem e, de sua costela, a Mulher e, desta união, nasceram os filhos? O verdadeiro amor, que une o homem e a mulher, para todo o sempre, nem o vendaval da tristeza ou da adversidade consegue quebrar. Quando o amor é puro, o calor jamais se esfriará nem a luz destes dois seres se extinguirá, nem a louca conquista do cientista os apagará.
5/1/2003: 17:39: 45
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