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Artigos-->Fragrância Feminina na Poesia - Flora Figueiredo -- 27/07/2002 - 09:12 (Fernanda Guimarães) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Fragrância Feminina na Poesia – Flora Figueiredo



Estamos dando continuidade a publicação destes pequenos artigos que visam mostrar um pouco da escrita poética feminina no cenário nacional e mundial.

Pretendemos, tão somente, falar da emoção de nossas descobertas literárias ao nos depararmos com a vasta produção feminina na construção de uma identidade poética.

É antes de tudo, uma gota de perfume que permitirá ao leitor curioso, buscar outras essências, a partir da publicação destes textos.





Flora Figueiredo



Poetisa, cronista e tradutora paulista, é autora de Florescência (1987), Calçada de Verão (1989) e Amor a Céu Aberto (1992).

São características da poesia de Flora Figueiredo: a linguagem concisa, a economia e sutileza verbais, onde o silêncio entre as palavras é também instrumento de comunicação da emoção.

Flora, ao compor, sinaliza ao leitor caminhos a seguir, indicando sempre a intimidade do sentir com firmeza e argúcia. Percebe-se em sua escrita, a familiaridade com o traçado das estradas do coração. O romantismo, a sensualidade e a irreverências são aspectos consistentes e marcantes de sua poética.

Flora nos diz que ao compor, tenta “beijar a alma do leitor”. E isto acontece facilmente, quando nos deparamos com sua tônica lírica e seu idioma de ternuras.

Foi prefaciada por personalidades de renome do mundo literário, como Olavo Drummond, Fábio Lucas, Josué Montello. Flora possui livros que são utilizados na rede municipal de ensino de São Paulo. Suas obras também estão entre as produções brasileiras que constam do Centre International d Etudes Poétiques.





Poesias de Flora Figueiredo



Retirada



Respeite o silêncio

a omissão,

a ausência.

É meu movimento de deserção.

Abandonei o posto,

rompi a corda,

desacreditei de tudo.

Cansei de esperar que finalmente um dia,

minha fotografia

fizesse jus ao seu criado-mudo.



Calçada de Verão, Editora Nova Fronteira – Rio de Janeiro, 1989







Lembrete



Não deixe portas entreabertas

Escancare-as

Ou bata-as de vez.

Pelos vãos, brechas e fendas

Passam apenas semiventos,

Meias verdades

E muita insensatez.



Calçada de Verão, Editora Nova Fronteira – Rio de Janeiro, 1989







Enlevo



Eu olho você grande e distante

e da sua grandeza me comovo

e da sua distância me revolto.

Olho de novo.

Procuro reter em minhas mãos sua figura

mas ela gesticula, oscila e cresce

e numa inconstância distraída

no instante exato

por trás da vida desaparece.

Um desacato.

Do meu desaponto eu me levanto

pra levar embora outro desencanto

mas você me divisa e então me chama.

Me aguarda, reclama e me convida

e minha vida nessa ansiedade por fim entrego.

E nesse amor feito de espuma colorida

nós flutuamos: você borbulha, eu escorrego,

ensaboados, você explode, eu me desintegro.



Florescência, Editora Nova Fronteira, 1987 - Rio de Janeiro, Brasil













Estou perdidamente emaranhada

em seus fios de delícias e doçuras.

Já não encontro o começo da meada,

não sei nem mesmo

se há uma ponta de saída,

ou se a loucura

vai num ritmo crescente

até subjugar a minha vida.

Não importa.

Quero seus nós de seda

cada vez mais cegos e apertados

a me costurar nas malhas e nos pêlos.

Enquanto você me amarra,

permanece atado

na própria trama redonda do novelo





Amor a Céu Aberto, Editora Nova Fronteira, 1992 - Rio de Janeiro, Brasil







Vento Novo





Estava enrolada

em teias e traças,

debaixo da escada,

lá no subsolo

da casa fechada.

Começava a tomar ares de desgraça.

Manchada do tempo,

fenecia

a esperar que um dia

alguma coisa acontecesse.

Antes que se perdesse completamente,

sentiu passar um vento cor-de-rosa.

Toda prosa, espanou a bruma,

pintou os lábios

e sem vergonha nenhuma

caprichou no recorte do decote.

A felicidade volta à praça

cheia de dengo e de graça,

com perfume novo no cangote.



Amor a Céu Aberto, Editora Nova Fronteira, 1992 - Rio de Janeiro, Brasil







Lição de Casa



Você tampa a panela,

dobra o avental,

deixa a lágrima secar no arame do varal.

Fecha a agenda,

adia o problema,

atrasa a encomenda,

guarda insucessos no fundo da gaveta.

A idéia é tirar a tarja preta

e pôr o dedo onde se tem medo.

Você vai perceber

que a gente é que faz o monstro crescer.

Em seguida superar o obstáculo,

pois pode-se estar perdendo

um espetáculo acontecendo do outro lado.

Atravessar o escuro

até conseguir tatear o muro,

que é o limite da claridade.

Se tiver capacidade para conquistá-la,

tente retê-la o mais que puder.

Há que ter habilidade, sem esquecer

que a luz é mulher.

Do inferno assim desmascarado,

é hora de voltar.

Não importa se é caminho complicado,

se a curva é reta,

ou se a reta entorta.

Você buscou seu brilho, voltou completa;

jogou a tranca fora, abriu a porta.



Amor a Céu Aberto, Editora Nova Fronteira, 1992 - Rio de Janeiro, Brasil









A Pedidos



Querem um verso,

mas não sou capaz.

Vejo a palavra fraturar

as entrelinhas,

tento soldá-las,

mas não são minhas.

Rompeu-se o verbo

e me deixou pra trás.



Amor a Céu Aberto, Editora Nova Fronteira, 1992 - Rio de Janeiro, Brasil









Flutuações





O sonho aprendeu a pairar bem alto,

lá onde o sobressalto nem sequer nasceu.

Namorou a trôpega ilusão,

até que trêfego e desajeitado,

desprendeu-se de seu reino idealizado,

veio pousar tamborilante em minha mão.

Assim, aquecido e aconchegado,

parece que se esqueceu de ir embora.

Na hora em que ressona distraído,

eu lhe pingo malemolências ao ouvido,

à sua inquietação eu me sujeito.

Eis que o sonho dorme agora aqui comigo,

seu corpo repousa no meu peito.



Amor a Céu Aberto, Editora Nova Fronteira, 1992 - Rio de Janeiro, Brasil.



Fonte de Pesquisa:

- Sites:

http://geocities.yahoo.com.br/amarilis2000_br/flora.htm

http://www.geocities.com/Paris/Opera/8148/bio_flora.html

http://utopia.com.br/poesia/atualizacao.html

http://www.poesias.pro.br/autores/flora/flora.htm



© Fernanda Guimarães

Em 27.07.02

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