Aos nordestinos que ficaram
De Airam Ribeiro 13/05/07
Há muito tempo passado
Era fértil o nordeste
Era feliz o cabra da peste
Não existia o êxodo rural,
A fartura então existia
A água jorrava todo dia
No fundo lá do quintal.
Abóbora, cana, feijão,
Banana, arroz, mamão,
Tomate, mandioca, agrião
A mata em pé existia,
Na criança desde nascença
Não existia a doença
Todos tinha a sua crença
E o filho de parto nascia.
Pro caboclo cabra da peste
Que morava no nordeste
Não existia o sudeste
Porque era independente,
Chuva tinha com fartura
Vingava fruta e verdura
Um povo de muita cultura
E o sol não era tão quente.
Mais eis que tão de repente
Já não brotava a semente
E na idéia dessa gente
Foram cortando a madeira,
A mata morrendo aos poucos
Sem poder sair do sufôco
Só restando mesmo os tôcos
Foi o fim de uma mata inteira.
Até as grandes correntezas
Que eram mesmo fortalezas
Com a força da mãe natureza
Foram aos poucos acabando,
Sem a mata então os rios
Não agüentando os desafios
Correntes foi virando fios
Nas margens foram secando.
O sol então foi esquentando
E a terra foi estorricando
E os que ficaram suportando
Sem nada poder fazer,
Alguns deles então
Deixando o pedaço de chão
Foi se embora do sertão
Pra em outras terras viverem.
Aos bravos filhos que ficaram
Esses heróis que agüentaram
E que em rimas cantaram
As belezas do nordeste,
Parabéns por ser do norte
Por cantar alegre a sorte
Rogo a Deus que dê suporte
A este irmão cabra da peste.