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Contos-->O rebote -- 10/03/2004 - 12:45 (Georgina Albuquerque) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Apenas as jóias haviam conseguido resistir ao abalo econômico familiar. Após a morte do sogro, a lucrativa empresa passou a sucumbir rapidamente, até a sua derrocada fatal. E o genro, que a administrava desde o velório, sentia-se derrotado. Falir logo nas mãos dele, sujeito dotado de tantos planos e pós-graduações!...

Marta era a única herdeira do rico português, formação escolar quase nula, cuja indústria havia prosperado notavelmente. O marido, por sua vez, lecionava numa universidade e possuía um enorme brilhantismo conceitual. Contestava a administração obsoleta do Sr. Manoel, que rejeitava os recursos de vanguarda para gerir a sua firma. Teria vivido os últimos anos a criticar o "velho"...

Sem disfarçar o seu desprezo, o "portuga" nunca fez por beneficiar o marido da filha. Afirmava que deveria alcançar tudo com o seu próprio esforço, como ele o havia feito. No entanto, a demanda consumista da moça era sistematicamente alimentada. Roupas, perfumes, artigos supérfluos...Nada lhe era negado! Jamais admitiu o genro, porém, como funcionário da empresa e tampouco se dispôs a ajudá-lo financeiramente quando por ocasião de um convite para uma sociedade comercial. Segundo o professor, a conquista do Sr. Manoel devia-se a outros tempos. Hoje haveria de precisar de uma estrutura do tamanho de sua ignorância!...

Marta mostrou-se bastante abalada com a morte do pai e absteve-se de tomar a frente dos negócios, tal a prostração que lhe atingiu. Julgou também não haver ninguém melhor que Hamilton para administrar-lhe a herança, ele que tão bem entendia de administração e finanças. Mudaram-se para a casa paterna e os antigos pertences do falecido ficaram restritos ao quarto em que antes dormia, ela sem ânimo de remanejá-los para outras pessoas ou instituição. Nem mesmo o cofre havia sido aberto, ali contidos dólares e valiosíssimas jóias com que o Sr. Manoel havia presenteado a esposa, morta prematuramente.

Visivelmente transtornado pela falência, um implacável misto de raiva e frustração perseguia o genro. Profissionais gabaritados o haviam auxiliado na diretoria, e ainda assim, tudo havia naufragado. O desgraçado do galego o havia sobrepujado!...Ainda mais desarvorado, adentrou-se pelo quarto do morto e, freneticamente, passou a atirar-lhe as roupas, aos montes, pela janela debruçada sobre a rua. "– Pra que tanta roupa, seu velho imundo?"- gritou. Desceu as escadas correndo e, já no portão, deliciou-se ao observar a disputa dos mendigos pelo material descartado. Naquela noite, finalmente, conseguiu dormir melhor...

Pela manhã, expôs para a mulher a gravidade da situação financeira. Desesperada, Marta resolveu permitir a venda das jóias para apaziguar alguns credores."– Não, não havia outra saída!...". Dirigiram-se ao imenso cofre para retirá-las e, este aberto, nada encontraram. "– O que havia sido feito delas, Meu Deus?". Telefonaram imediatamente para a ex-governanta, empregada de confiança do Sr. Manoel. A mulher disparou: "– Ora!... O seu pai guardava os dólares e as jóias no meio daquela montoeira de terno antigo do armário. Achava mais seguro..."

Hamilton ficou em estado cataléptico e dizem que, desde então, nunca mais foi o mesmo. O rudimentarismo do Sr. Manoel havia resvalado com toda a sua onipotente sabedoria acadêmica...









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