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Contos-->Amigos pelo mundo -- 08/03/2004 - 15:25 (Marcelino Rodriguez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Estimado marcelino:
Es muy cadenciosa tu poesía, se mueve con un ritmo de un peregrino
que anda en busca ya no de dejar las maletas, sino de soltar las
riquezas de tu inspiración.Te felicito amigo, tienes un muy hermoso
talento, arrullas con tus versos..un abrazo
juacky México/Canada



Reg. Biblioteca N de Buenos Aires 2873. 14
Reg. Bibliot. Nacio. 99738 - 123 A4
Direitos Reservados

A VERDURARIA


Um dos condutores do onibus avisa :
– Mais uma hora e estaremos na aduana Argentina.
Olho pela vidrasa do Onibus, penso em minha vida. O que sera´, agora_
Meu nome é Marcelino Cea de Sena. Sou hispano’brasileiro. Deixei o
Brasil por vários motivos, mas o principal deles seria reencontrar minha
Origem hispánica. Todo filho de imigrante leva também um pouco
o estigma de imigrante. Pode ocorrer que qualquer parte de nós
nao se encaixe bem donde em tese deveria, e assim e´que nos descobrimos
também estrangeiro. No meu caso, comecei a ser irresistivelmente
levado para a américa espanhola, chegando a sentir-me, sem questionar minha hispanidad,
mais cubano, argentino, mexicano,nicaraguense, enfim fui sentindo cAda vez nais estranho
.Era preciso entao partir para nascer de novo, para a américa!
Assim que deixei os vínculos apodrecidos para trás, e aventurei-me. Já durante a viagem, ia gostando da postura
do onibus, ordeiros e respeitosos, com tudo funcionando de bom jeito. Viajei na parte superior do önibus, sozinho a maior parte da viagem.

Na Aduana expliquei em português minha condiçao de dupla cidadania.
El chefe da Aduana, pegou meu passaporte Espanhol e me disse:"Se eres Espanhol, habla Espanhol comigo!
Por supuesto! Gracias!
De nada!
A paisagem da Aduana do lado Argetino para mim revelava-se misteriosa.
Imaginava mais espalhafato. Os guardas vestiam-se com simplicidade e
nem de longe pareciam procurar contrabandistas. Minha bagagem acusou
algo na màquina investigadora. O homem perguntou-me se eu levava algo meta`lico.
Um computador, lhe disse.
- Dejame anotar para que no tengas problema!
E anotou em meu passaporte. Era todo obem que tinha, mais cerca
de 900 dólares mais ou menos. O resto era roupas, documentos e fotografias.
Agora o onibus ia em direçao a Rosàrio, com destino a
Buenos Aires. Uma jovem gorda e simpàtica sentou-se a meu lado. Puxei conversa em Espanhol,
ela me olhou risonha e espantada. Depois, puxei a conversa em Português,
novamente a mesma perplexa expressao! pensei que ela
estava debochando de mim. Ate`que alguèm falou em inglese ela entendeu.
Era norueguesa. Um jovem brasileiro, moreno rastafari, filho de casal de negros
qu viajavam na miha frente, falava em Ingles com a norueguesa, que havia sacado o passaporte
para mostrar-me.
- Perguntei-a se a Noruega estava na comunidade Europèia.
- Nao - Ela disse.
E depois de mais ou menos meia duzia de palavras com traduçao do jovem,
viramo-nos cada um para seu lado; ela para dormir. Eu para olhar a paisagem do novo paìs
que se descortinava.
Minha intuiçao começava a descortinar na paisagem da Argenttina
um frecor feminino, dócil, como de uma jovem recatada. A paisagem rural,
o gado, as primeiras visoes dos vendedores da estrada, tudo isso
isso ia-me surpeendendo sobretudo porque embora algumas situaçoes fosse
parecidas com a do Brasil, o clima era diferente. Era como a sensaçao de que teria
muitas descobertas a fazer. A Norueguesa foi ao meu lado ate`Rosàrio, onde o Onibus seguiria para
Buenos Aires.

Ainda na janela do Onibus ia pensando que nao deixava de ser uma ironia que
estivesse passando o filme titanic, que ja`tinha visto. Sendo que agora todo o naufràgio viria
em espanhol... e pensar que tinhamos tudo em casa, ainda assim ela se achava pobre, somente
porque segundo ela moravamos num bairreco. Com cinco meses de casamento e ja`queria estar na Vieira Souto.
Realmente a sociedade consumista oferece tantas coisas e dà tao pouco que as pessoas enlouquecem, pensando que tudo
que e`oferecido esta`disponivel com facilidade e automaticamente.
Assim e`que o mundo mal se sustenta e as pessoas mal se suportam. Curiosamente,
nao vejo nenhum fracasso pessoal na minha vida. Sinto-me, aprtindo, vitoriosos. Nietche dizia
"aonde nao se pode amar, deve-se passar." A mulher fùtil com que casei foi a gota´dagua para
ver que numa sociedade que forma consumidores, nao cidadaos
nao e`um lugar que se pode confiar, ainda mais com o sistema juridico completamente
pequeno burgues que reina nos paises perifèricos. gente formada sem a minima cultura. Uma tragèdia.
Pensava nossos momentos de carinho, de sexo, mesmo de enfado. Mas era nossa vida, nem pior nem melhor
que a de ninguèm. Bem, ela cre que Deus lhe deve algo melhor. Nao fiza por menos.
deixei-a partir. E fiz o mesmo. Longas estradas, longos pensamentos.

Tudo que tinha nas maos era um bilhete de recomendaçao do meu amigo
argentino no Brasil. (Segue o bilhete)Nao tinha muito idèia do que poderia encontrar.
Sabia apenas que Mario eraviviado em jogo e, segundo MIguel, cheagara uma vez
a pintar uma barata de verdade para ve-las apostando corrida. Alèm disso, era dono de uma
verduraria onde morava com a ex mulher de Miuguel, invalida, ea sua filha mais nova de uns vinte anos, patricia.
Havia tambèm o telefone de tres outros filhos, outro mais distante,
na Rioja. Bem, que tinha eu a perder?

Gostava de estar no ônibus. Sentia-me gente, como a muito nao sentia.
Cidadao. Sim. Essa palavra hoje, principalmente nos paìses perifèricos da amèrica do sul
nao parece fazer nenhum sentido. Lembro-me que o falecido intelectual
Milton Santos, quando perguntado por Roberto Davila como ia a cidadania
no Brasil. Ele disse: mal. No Brasil nao hà cidadaos.
O pobre nao chega a ser cidadao e a classe mèdia noa quer ser cidada, quer privilègios.
E`verdade. Lembo da cara feia e nojenta de minha ex sogra,
daquela classezinha mèdia pequeno burguesa que nunca leram
mais do que meia dùzia de livros, mas como conseguem
muitas vezes de forma desonesta algum exito financeiro,
sentem-se atè gente. Sao os advogadozinhos de merda. Pedagogas
de merda. O Brasil inteiro e`a cara de seus bens sucedidos...
Privada tudo. Meu sonho era, longe, saber que uma bomba
estorou acabando com aquela màquina federativa de formar
imbecis de todos os matizes...


Foi dificil entender que na vida nao se pode falar a verdade.
A terra e`o palco dos vis e do pecado. A grandeze custa alto preço
e nao vale a pena. Se Deus fez os homens mesquinhos, e`bom
que sejamos tao mesquinhos quanto eles. Nao e`bom ser diferente.
Assim que descobri tambèm que podemos deixar um pàìs sem
sentir absoluamente nada. Nenhuma saudade. Trinta e sete anos
de sete anos de sofrimento. Somente os momentos sexo com
as mulheres que tinham valeram a pena. Mas nao tanto qeue eu bendiga
ter nascido. A falta de caràter, inclusive no Brasil, e`crònica.
A educaçao, do jeito que e`passada, melhor seria se nao houvesse...


Serviram uisque no ônibus. "Esse empresa saber fazer uma
viagem com dignidade", pensava. Deviam ter essa preocupaçao
com a qualidade todos os empresàrios. Seria outro o mundo.
A noite do segundo dia esfriou um pouco. Ja`estava so`de novo,
pois a norueguesa tinha ficado para Buenos Aires. Fui o
o ùnico que viria a destino de Còrdoba. Acostumei-me jà a deixar os vìnculos
humanos. Assim que deixei aqueles camaradas de viagem, sem despedir-me.

Teria que acostumar-me a idéia de que a partir de agora, tudo poderia acontecer.
Perdera verdadeiramente o controle de minha vida, que sempre
foi precário, dadas as condi}oes sociais a que sempre estive
submetido. Olhava a vasta estrada argentina e surpreendia-me com
o pouco desenvolvimento de vastas regioes. Ao menos uma coisa puede
perceber, no entanto, a pobreza era diversa e bem menos intensa que a
do Brasil. Chegava a ser um tanto brejeira. Assim que havia alguns vendedores
de melancia pela estrada. Favela, nenhuma. Também a visao de negros
desaparecera. Em seu lugar, um tipo branco com cabelos de indio de vez em
quando lembravam-me os peruanos, bolivianos ou chilenos, todos
países fronteiriso com a Argentina.
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