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Poesias-->do que eu quero -- 22/12/2004 - 00:05 (Tânia Cristina Barros de Aguiar) |
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talvez eu deva finalmente
tornar-me apenas aquela que caminha
cansar-me o tanto que eu suporte
vestir as coisas que me chegam
- sentar-me para ver o tempo
minha agonia dói
sempre arranco ao dia mais do que devo
me canso
talvez eu deva finalmente
deixar ao outro o que lhe cabe
silenciar o tanto que mereço
para que a melodia da vida
possa mais alto gritar ao meu ouvido
já está lá o canto
tudo existe
nada que eu busque será mais ou tanto
quanto o que já é
agora silencio-me
para que essa coisa do universo inteiro
possa embalar-me
- preferir a vida doce que me sobra
à teimosia de buscar a fruta verde
que se abram as flores
e os seus frutos
possam sonhar com o perfume da beleza
porque o encantamento que me toma
é meu - apenas meu
só eu o sinto
eu me entristeço
porque a dor de ver fora do sonho
é preto e branco
é áspero e corrosivo
mas é belo ao tempo em que se torna
a realidade crua, brilhante
feito um sol inesperado
que rasga a noite
arde-me os olhos
move-me os dedos
ao poema
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