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Contos-->HISTÓRIAS DO ZÉCA TIRA 8 - Manoelzão e a Onça -- 06/03/2004 - 11:57 (ADELMARIO SAMPAIO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
HISTÓRIAS DO ZÉCA TIRA 8

[De como o gravador fica ligado, com a recomendação que contem uma história. Bulico toma a conversa e conta uma história do Manoelzão quando matou duas onças em troca do casamento com a Maria]


_ Em cumpade, o home deixô esse ranzel rodano, ma di’antes falô preu contá um sucidido, ô memo um causo qui nóis inventô, ô memo u a mintira qui seje. Falô ansim, qui nóis podinté ventá u a istora.
_ Ma ess home tá memo distratano nóis cumpade. Veje lá se nóis tem capacidêz dinventá as coisa!... O qui nóis proseia nóis agarante. Ô num agarante, cumpade?
_ Craro cagarante. Proque nóis é home da vredade merma. Tô isperanocê pa nóis "dá inirso as presentarção".
(Risos)
_ Cumpade de Deuso!... Cê num fica brincano qu’essa prosa não qui condefé nóis tá é s’esqueceno cuma é qui proseia dereito, pa ficá falano qui nem instrangero.
_ Sá c’até piriga memo, qu’eu memo inté prendi uns proseado adeferente.
_ Que qui cê prendeu, cumpade?
_ Prendi suntano os proseado memo do Visito. Indagorinha memo ele vei c’aquela prosa mole, qui nem mantega de porco, e quiria insiná eu. Aí eu fiquei só suntano. E ele: "É paira os seniores ligaram-se este aparênlio. Para garavar, nesta teleca". (Risos)... Já viu cumpade, ele proseia uns trem tudo travessado, quinté parece memo qu’inrola a língua pa falá. Fais inté biquim, o danado!...
(Mais risos)
_ Cumpade de Deuso. Cê tá proseano qui nenzin os povo, cumpade!... (Risos) Cê num presta memo não!... Proseia mais, cumpade!...
_ "Entãos as voizes dos seniores virãos sairmos por esses fralanticos, e poderamos atés muitas pessoias saberem-se". Tem qui proseá o "se", qué pa ficá mais paricido...
(Mais risos)
_ Cumpade, cumpade!... Qui trem ma ingraçado!... Cê inté faiz os biquim do home sem tirá e nem pô!... É graçado memo!... Ma eu vô tê qui fazê o armoço, intão cê contaí u a istora da caçada da onça.
_ Ma nóis tem munta istora de onça.
_ Já qui nóis num é de contá vantage, conta a istora co Manelão contô, daspingarda de dois cano.
_ Intonce possa fazê o cumê qu’eu vô contá.
_ Má isprica queça istóra sa’sucedeu num foi co nóis, proque os povo possa querê induvidá de nóis, proque num ai mai onça banca pesse lado.
_ Vô ispricá dereitim. Vô anté cumeça pa trodução. Ô cumpade, o home sinô té cuma ele proseia, fazeno trodução.
_ Vai proseano aí cumpade.

“Trodução: Ess’istora, num foi assucedido cum nóis, ma nóis sabe qui num tem farsama, proque o Manelão, tamém é um home qui memo despois di mortim, qui nem os difunto, nóis sabe quele num conta nada d’invencionice. Intonce, foi o Manelão qui arrifiriu essa prosa c’aquela falona grossa qui nem truvão de chuva braba:
“Conde eu era ansim mai novo, fui po mato caça u a onça, proque sô memo home de num covardá cas prosa dos incovarde. Intonce eu trabaiava nu a fazendama cos povo diz que tinha munta onça, e sussarana, e tudo conté bicho brabo, qui os home inté proseava ripiano de medo, qui tinh’até leãos. Má eu memo nunca vi, proque se havera de tê chergado, havera de tê matado, proque num sô home mufino de corrê de pirigo.
“Intonce alarmô a istora, cas onça tava cumeno os bizerro, as nuvia, e até os marruá. Proque memo onça da ma braba, é qui come marruá. E os povo tava memo tudo se borrano e cagano de medo, proque tudo mundo tava falano qui tinha duas onça, qui era casá, e qui u a era banca, e a ota, pos mal dos pecado era peta.
“Ai os povo virô memo um ribuliço, proque se onça banca já tá nos maió pirigo, conte mais a peta, proque onça banca morre só cum um tiro, ma os peta, só memo cum dois.
“E tudo mundo cagano de medo, e xujano as carça, pavorado, e pagava té deis marruá pa quem tivesse as corage merma de frentá as fera, e eu só iscuitano os povo cum pavô.
“Té cum dia, eu já tava memo cas paciença pitititinha cas poca corage dos home, e tava memo era cabada paciança descuitá as istora dos danin dos bicho, queu propostei u a cunferença co patrão. Ma ele nem memo ligô, proque nes’tempe eu num era home de pô respeito, proque tava munto novo, ma mandei os proposto qu’eu quiria matá os dois onço.
“Ma os patrão num querditô, e nem deu liga pros meu proposto. Té cum dia o marruá vei pa riba dele conde ele contava a boiada, e era dos maió dos marruá, e o ome trepô nos morão das porterama, ma o bicho chegava cas venta ventano memo, cum vontade de discumê o home, e foi daí queu via qui o bicho pegava qui pegava, e intreverei, e atinei de laçá o fero do boi, e dimudei a carrera do bicho vorteano o laço no pé e o boião vei caí bem nas barba do patrão.
“Bão, tudo sacarmô, e nóis separô a boiama, e conde nóis já inha trepá nas rede, vei um recado pr’eu, qui o home quiria pr’oque quiria proseá cum eu. Intonce fiquei bem do meu, e inrolei um cigarrin pos oto vê qu’eu nem tava cum memo afobamento pa proseá co patrão, e di u as baforada no cigarrin, só memo pos povo vê qu’eu num tava memo portano cas portança do patrão. Pitei o dito tudim, e despois saí memo cas ispora fazeno barui no suai. O Janjão foi careferiu: "Num vai tirá a ispora pa proseá co home, Manel?". Eu nem arrespostei. Inda taquei o chapelão nas cabeça, qué pa mode os povo sabê qu’eu num sô disinportante.
“Bão, intonce o patrão rifiriu qu’eu era um home desprecatado, e qu’eu era isso e aquilo, e qu’eu era o home mai corajoso qu’ele inconhicia... e essas coisa qui só proseia memo pa home de corage. E num é qu’eu tô quereno me gabá, ma eu tava memo cumo proseia no cumerso, "pro riba das carne seca".
“Foi nes’ora, co patrão ponhô u a pinga munto boa pr’eu, qui chama visqui, e eu taquei na guela dum gol só, caté vei fumaça nos zói. Despois foi quele propostô qu’eu era memo macho, e qui seu tinha memo brabama pa matá onça peta. Só respostei prele: "So sô querê!..." Querê quiria, ma tava mei induvidano. Pricurô que qu’eu quiria pa matá a bicha candava cumeno as criação. Foi intonce qu’eu respostei quera casá ca Maria, quera a moça mais de furmusura queu já vi. Intonce foi quele arespostô qui sa Maria quisesse, quele fazia gosto, proque a moça era criada des pitititinha na fazenda, e qu’era memo munto trabaiadera, e qui miricia casá cum home macho memo quinem eu. E isfriô meos istrambo, só de pensá na Maria. E cuma porva de valintia, pa ca moça quisesse foi qu’eu arrifirí qui ia suzim, e cum dois cachorro, e aspingarda de dois cano, e qui num dava nutiça, proque só vortava cos coro das onça.
“Intonce fui po mato arresorvido qui só memo cos coro da bicha é qui vortava. Num levei memo mantimento quais, proque tava memo arresorvido a vevê das caça. Um dia os cachorro cuô. A bicha tava memo mei destráis de eu, e já memo rosnô qui nem onça memo, e eu sapequei os tiro, e a bicha vei memo nas fumaça, e eu disafastano e a bicha vino, e eu disafastano, e já tinha dado um tiro, ma eu num erro tiro, e meu Jesuis, que qui foi queça ispingarda, e a bicha vinha vino, e eu num quiria dá o oto tiro, proque a ota pudia condefé parecê, ma tivi qui atirá, e foi bem nos zói qué pa num istragá o coro. A bicha vei dismorrê bem nos meus pé.
“Conde eu tava memo pegano o borná pa carregá a ispingarda, rosnô destráis de mim, e conde eu virei, os cachorro já tava na cuança, ma num dava tempe, proque a ispingarda tava discarregada. Fui disafastano e a bicha chegano, como quem diz eu quero minha muié, proque essa era a peta, que era o marido da banca, e a bicha era mema du a bicha munto grande, e eu vi que se num fosso isperto num carregava a ispingarda e cabava seno cumê de onça. E nesse mei tempe, fui disafastano, e a bicha chegano, e os cachorro latino, ma a bicha num era de arrespeitá rosno de cachorro, e inté qu’eu atropeçei num gai de pau, e fui po chão já memo resorvido qu’eu num iscapava memo de sê cumê de onço. Ma a ispingarda já caiu disaberta e o borná caiu tamém, e os cartucho pro perto, e eu já infiei um cartucho qui nem um rái, proque eu era memo isperto, e conde o onço tava isso pa me pegá, eu sapequei u a bala bem na barriga, proque dessa veis num deu nem tempe de iscoiê o zói.
“A Maria ficô sabeno da istora, e queu arisquei o meu coro, pa ganhá o coração dela qui nesse tempe inda era de ninguém”.


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Adelmario Sampaio
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