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Cronicas-->Rapel -- 27/08/2000 - 10:30 (Renato Rossi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Outro dia eu estava sentado e, de repente vejo uma aranha descendo do nada, passando muito rente ao meu rosto. Não, não se tratava de nenhuma Lycosa da Ilha da Madeira. Na realidade, era uma aranha muito pequena, minúscula, que passou por mim sem maiores rapapés, como quem vai comprar pão e está com pressa. Descia por um fio pendurado no teto, para mim invisível.

Não por vingança, mas devo confessar que, como ela, também não dei muita atenção ao fato. Ocorreu que ela, assim como desceu, voltou (não trazia pão sob nenhuma das várias axilas). Estava agora escalando aquele fio que só ela via, como num elevador panoràmico. Rapidamente fiz umas continhas e, considerando a altura da aranha e a do teto, proporcionalmente ela estava fazendo algo como escalar sem qualquer apoio que não o tênue fio, uma altura de mais de oitocentos metros.

Não resisti e esperei ela ficar na altura dos meus olhos já a salvo da minha respiração, e puxei conversa. Olhando com mais atenção pude ver seus olhos brilharem de satisfação e mal terminei o chamado já saiu falando sem parar. Maria Amélia era seu nome. Ela disse que sempre teve muita curiosidade de conversar comigo, que já vinha me observando desde que se mudou para o suporte da làmpada com seus seis filhos. Quatro dela mesma com dois pais diferentes e dois de uma comadre que foi para São Paulo arrumar emprego e nunca mais deu notícia. Ela não se queixa porque gosta muito dos meninos, mas todos sabem o trabalho que dá a criação de seis filhos. Disse que queria me pedir para suspender as limpezas no lustre, pois cada vez que alguém passa um pano para tirar a poeira é uma confusão razoável. Outro dia ainda teve que se pendurar na làmpada acesa que começou a esquentar e quase tem uma queimadura séria.

Confesso que fiquei meio atordoado. Na realidade, não era essa a conversa que eu esperava. Eu estava mais interessado na escalada silenciosa da pequena aranha e imaginava que ela iria me explicar tudo sobre o esporte.

Talvez outro dia quando ela estiver mais calma.



Escrito em 31.05.2000
Publicado na Crónica do Fauth em 21.08.2000 (http://planeta.terra.com.br/arte/fauth/)
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