AS MÃOS DE FERNANDA*
Lílian Maial
As mãos de Fernanda têm algo de alvo,
algo de delicado,
mãos que afagam, entre as palavras,
que confortam, por entre os rios,
esses mesmos que rolam cascatas na face.
As mãos de Fernanda enfeitam seus versos,
como as rimas de outrora,
hoje duras, rochosas,
mas que, como água, perfuram, com o tempo,
toda a amargura de espumas desfeitas.
Nunca vi as mãos de Fernanda,
apenas as li em seus poemas.
Mas pude senti-las, tocá-las e afagá-las
nos momentos de folhas em branco,
nos dias de nuvens sem sol,
nas noites de céu sem estrelas.
Sim, deixei-me encantar
pelas doces mãos de Fernanda,
como quem ouve uma cantiga de ninar,
e chora, ao final,
por não ser mais criança.
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*homenagem à amiga poeta Fernanda Guimarães, pela passagem de seu aniversário.
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