Soneto em Dor Maior
Lílian Maial
Amei-te em prosa, bebendo as palavras,
li teus poemas, com fome de amigo.
E em cada verso que, em mim, decifrava,
xingava os deuses, no céu, sem abrigo.
Antes o nada que, em mim, transbordava,
nada no espelho, que o meu próprio umbigo,
do que esse encontro que, em ti, sufocava,
tornando leve esse amargo castigo.
Então de cores sorriu-me o destino,
nem calculando que o doce menino
era o meu sol, o meu breu, o meu vinho.
Veio feliz e, em meus braços, amou.
Enlouquecendo, meu peito brotou
Silente flor na crueza do espinho.
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