Usina de Letras
Usina de Letras
160 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62214 )

Cartas ( 21334)

Contos (13261)

Cordel (10450)

Cronicas (22535)

Discursos (3238)

Ensaios - (10357)

Erótico (13569)

Frases (50609)

Humor (20029)

Infantil (5429)

Infanto Juvenil (4764)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140799)

Redação (3303)

Roteiro de Filme ou Novela (1063)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6187)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->O Dia do Futebol -- 27/02/2004 - 11:39 ( Alberto Amoêdo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A sexta-feira passava e mal amanhecia o sábado, Ginoca já pulava da rede, escovava o dente e tomava o café de olho no relógio da cozinha, atento a porta lateral da casa ou de ouvidos bem apurados, para a chegada do seu primo Betoca.
Lá pelas nove horas da manhã, Betoca descia do Djalma Dutra, com aquela sua mochila “Carga Pesada” em frente à feira de Santa Luzia e seguia em linha reta na Bernaldo Couto, até chegar à casa da tia.
Logo quando chegava, como de praxe olhava à janela da sala e meio que desconfiado, dizia “Bom dia”. A platéia, que era diversificada ficava, em sua maioria na bronca, pois bem conheciam aquela peça, mas o que importava para ele, era a opinião do seu primo caçula.
Mesmo sem agradar a todos Betoca entrava tomava a benção dos mais velhos e seguia ao quarto, onde deixava a mochila e recebia do seu primo a justa homenagem.
Em questão de minutos, lá na frente da casa, já estava cheio de meninos, que juntos traçavam planos paro o futebol da tarde, isso sem a devida permissão dos pais.
O dia transcorria de intensa atividade...era brincadeiras com carros de latas, com rodas de carrinhos de bebê, era carrinho de rolimã, times de botão,entre outras coisas.
Tudo acertado com os colegas, o banho e o almoço vinham seguidos de um certo frio na barriga, que logo era deixado de lado, pois alguns meninos mais ansiosos já haviam almoçado ou quando não, acabavam comendo na casa da D.Dina.
Quando esse momento se esgueirava na sobra da tarde madura, D. Nazaré, a avô do Ginoca, mandava todos irem procurar suas casas e tentava em vão colocar Betoca e Ginoca para dormir.
Nessa hora que a cobra começava a fumar, pois as ameaças era sempre aquelas de não ir jogar ou do Betoca não vir no próximo fim de semana. Assim, quem queria ir tinha que ao menos se aquietar, naquela hora morta. Ainda tinha mais um imprevisto, a chuva só poderia cair, na hora que a bola estivesse rolando, do contrario ninguém saia de casa, correndo por fora o comportamento na semana e o aprendizado na escola. Haja coração.
Para quem não era acostumado dormir a tarde, como era o caso de Betoca, tudo mais parecia com as três horas de agonia, pois que ninguém podia dar, se quer um pio.
Quando o galo da vizinha anunciava o avanço da tarde, o cheiro do café confundia-se no ar com o perfume do sabonete da phebo e o cheiro de tabaco da tabaqueira, era o grito do Ypiranga.
Ao levantar, a angustia começava a andar nas veias, chegava a ofegar os gestos e uma inquietação se fazia notar. Tomavam café e com jeitinho,bem devagar, devagar, devagarinho, eles se arrumavam para pedir consentimento para jogar. D. Dina já sabia,e como coração de mãe é sempre um pendão de esperança, a liberdade vinha, nas palavras de permissão dela, que os fazia voar...numa sensação que a felicidade até hoje se completa nas lembranças desse meninos de rua, naquela época.
A tarde estava na sua mais perfeita maravilha, atrás das nuvens escondia-se aquela chuvinha. Betoca, Ginoca, Júnior, Pedrinho, Mococa, Abelardoca, Coelho, Paulinho Diabo e tantos outros subiam a ladeira para jogar na ribanceira próximo da casa do Sr. Tira Dama, entre a D. Romualdo de Seixas e a Wandenckoc.
As traves feitas, o time do Tadeu a espera, o time do Júnior pronto, times armados, de um lado e de outro, a bola ao centro, em poucos minutos começava a peleja.
Enquanto Vum, tocava a bola para Mococa, que rolava para Betoca a chuva, como se estivesse de combina, em forma de espeto começava a cair nas costas dos meninos.E de repente parecia que a terra iria partir, 0 x 1, estava par o time do Tadeu, quando a enxurrada descia a ladeira, envolvida num cheiro de asfalto evaporado devido a mudança térmica.
Já estava 1x 1, quando Ginoca chutava para o Pedrinho, que passava para o Paulinho, que chutou em gol, mas o Tadeu defendia,sem esperar, que o Betoquinha definisse o placar e o jogo, com aquele, que seria o último gol, 2x1, era o fim de mais uma batalha.
A alegria cantava o nome dos heróis daquele dia, mas todos estavam felizes. E assim desciam a ladeira, sob o asfalto molhado, vislumbrando os telhados lavados das casas, as árvores agradecidas, os pássaros em revoada e aquela lua, saída de um quarto crescente ao olhos iluminados de mais um, dos muitos sábados nativo de alegria.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui