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cronicas-->Ninguém -- 01/06/2003 - 13:24 (Felipe Cerquize) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Muito prazer, eu sou Ninguém.

Estou aqui esperando pelo reconhecimento de mais um projeto que eu fiz e deu lucro para a empresa em que trabalho. Estou aqui esperando a mulher que me deu carinho e também me traiu. Estou aqui olhando o filho que sempre quis ter, mas não tive, por medo de não saber criá-lo. Não me lembro muito bem quando nasci, mas não me esqueço da minha infància, quando ainda não pensava em nada nem ninguém. Cresci, e comecei a querer muitas coisas, substituindo os impulsos da infància pelas ambições da vida adulta. Apesar de conseguir muito do que queria, sempre me senti como um ser marginal, com a sensação de que merecia muito mais. E eu quero mais! Enquanto não conseguir tudo que ambiciono, não me darei por satisfeito.

Talvez, às vésperas da minha morte, eu me dê por vencido, mas, enquanto tiver um pingo de forças nos músculos, lutarei para ter mais do que tenho. Ninguém vai me impedir, nem eu mesmo, apesar da solidão, apesar da depressão, apesar da úlcera que me corrói o duodeno e da disfunção hormonal que me faz suar a cada novo perigo que tenho de enfrentar.

Muito prazer, eu sou Ninguém.
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