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Artigos-->Memória Fraca -- 24/07/2002 - 09:45 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
MEMÓRIA FRACA.

(por Domingos Oliveira Medeiros)



Dizem que o brasileiro tem memória curta. Mas hoje, com os recursos tecnológicos de que dispomos, não tem mais desculpa. Não se precisa guardar nada na memória. Pelo menos, na memória de cada um de nós. Todos os fatos ou acontecimentos mais significativos de nossa história podem ser resgatados e rememorados em questão de minutos.



Foi assim que pude voltar pelo túnel do tempo e relembrar o dia 17 de julho de 1989. Fazia pouco tempo que o regime de excepcionalidade jurídica e política tinha acabado. A ditadura militar começava a ser coisa do passado, esquecida. E ingressava no mundo da história. No mundo dos livros e das memórias.



A euforia daquele instante ficou por conta do retorno ao regime democrático. A boa notícia era o primeiro debate que seria realizado entre os presidenciáveis, na TV Bandeirantes, inaugurando este ciclo de entrevistas que, é bem verdade, passou a agregar maior qualidade ao pleito.



Ao referido debate compareceram os candidatos Aureliano Chaves, Affonso Camargo, Paulo Maluf, Leonel Brizola, Lula, Roberto Freire, Ronaldo Caiado e Afif Domingos. Ausentes o Fernando Collor e o saudoso e grande líder político Ulysses Guimarães. Fernando Collor, então governador de alagoas, foi a grande surpresa das eleições. Não compareceu a nenhum debate no primeiro turno, vencendo o Lula no segundo. Em terceiro lugar ficou o grande Brizola. Mário Covas conseguiu a quarta posição, logo a seguir o Paulo Maluf. Os demais tiveram votação inexpressiva, sendo que o Ronaldo Caiado, ultra-direitista e representante dos ruralistas, ( UDR) ficou em décimo lugar, obtendo 0,68% dos votos válidos.



Algumas idéias dos candidatos, à época, dá a dimensão dos dois momentos que caracterizam o universo da política nacional: o dinâmico e o estático. Covas pretendia “Retomar o desenvolvimento econômico e atacar a inflação”. Maluf optou pelo “combate incessante à inflação e à corrupção” e disse que “a dívida é impagável”. Brizola, sobre a dívida externa: “Existem contratos. E o Brasil está inserido na comunidade internacional”. Camargo achava que não se podia gastar mais do que se tinha. Aureliano marcou sua presença dizendo que “Quem não prioriza, não administra”. Lula foi enfático: “Auditoria nas estatais, negociar a dívida pública com credores internos e suspender o pagamento da dívida”.Caiado limitou-se a dizer que iria fazer “uma verdadeira reforma administrativa”. Afif: “Choque de austeridade e de moralidade, com o enxugamento dos ministérios”. Brizola, ao ser provocado para se pronunciar acerca da ausência de Collor teria dito: “É um ídolo com pés de barro”.



Ao término das eleições, os grandes partidos políticos da época (PFL, PMDB e PDS) não obtiveram bons resultados. O PT consolidava-se como oposição. Três anos depois, Collor sofria o impeachment, atolado em denúncias de corrupção. O vice Itamar Franco toma posse. Surge o Plano Real. Fernando Henrique tem uma passagem pelo Ministério da Fazenda. Novas eleições. Fernando Henrique é o candidato apoiado por Itamar. Vence as eleições. Inicia a temporada de defesa do Plano Real. Luta pela implantação da reeleição. Reelege-se. Dá continuidade ao Plano Real. Treze anos se passaram. E cá estamos nós de novo. Novas eleições. Diminui o número de candidatos. Diminui o número de propostas. Alguns candidatos mudam, radicalmente, suas idéias. O Brasil continua do mesmo jeito, ou seja, cada vez pior. E o eleitorado, também: não se lembra de quase nada. E continuam, alguns, a fazer do voto um volante de loteria esportiva. Jogando com a sorte. Sem se dar conta que o azar, também, faz parte do jogo. E não costuma falhar. Aliás, sempre foi maioria em qualquer jogo. Daí o nome “jogos de azar”. E as eleições, sob certos aspectos, é um jogo. Um jogo tal qual os demais. Onde poucos ganham e muitos perdem.



Domingos Oliveira Medeiros

23 de julho de 2002









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