Usina de Letras
Usina de Letras
228 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62152 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10448)

Cronicas (22529)

Discursos (3238)

Ensaios - (10339)

Erótico (13567)

Frases (50554)

Humor (20023)

Infantil (5418)

Infanto Juvenil (4750)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140787)

Redação (3301)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6176)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->Amanhã, no caso, 06 de Outubro -- 23/07/2002 - 17:27 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
AMANHÃ SERÁ OUTRO DIA

Uma releitura do artigo, sempre atual, de Alberto Dines)

(por Domingos Oliveira Medeiros)





Dizem que o vinho, quanto mais velho, melhor. E assim, como de resto, a premissa aplica-se a tantas outras bebidas que têm a sua qualidade associada ao tempo em que descansam em tonéis de madeira. Mas, felizmente, a assertiva não se restringe ao campo das bebidas finas. Também se pode sorver o bom líquido da experiência humana, quando este é fruto do envelhecimento em tonéis elaborados a partir da vivência e da persistência na busca do conhecimento e do entendimento dos atos e fatos praticados pelas pessoas. Na sua frágil e complexa condição humana.



O jornalista Alberto Dines é bom exemplo de boa bebida. O seu artigo de hoje, no Jornal do Brasil, (04 de maio), não deixa dúvidas. Refere-se às eleições do segundo turno que serão realizadas amanhã, na França. E aborda a metáfora das localizações à direita e à esquerda, segundo ele, como sendo “puro preconceito estabelecido pelo ser humano, incapaz de enxergar-se integralmente, que condena um dos seus lados como o pernicioso e, outro, elege como representação absoluta do bem”.



Metáfora que teria surgido em Paris, no ano de 1789, pouco antes da Revolução, onde a nobreza posicionava-se sempre à direita do rei, enquanto à sua esquerda ficava o terceiro poder. Foi assim, de forma resumida, que o esquema teria deixado as assembléias para “ganhar o mundo e configurar um espectro de convicções espremido entre duas opções apenas: mudança ou tradição, radicalismo ou conservadorismo, intervencionismo ou fisiocracia, internacionalismo ou patriotismo”.



Duas posições que, em 1895, a partir do Affaire Dreyfus, seria atenuado quando, “a favor deste e pela causa da justiça, juntaram-se anarquistas, socialistas, maçons protestantes, judeus, sufragistas, liberais, republicanos, juristas, intelectuais; e, contra o capitão judeu acusado de espionagem, os monarquistas, clero católico, militares e estetas. E acrescenta o nobre jornalista que, meio século depois, em 1936, a agregação dreyfusard seria ressuscitada numa ampla aliança política centrada na oposição ao fascismo, representado por Hitler e Mussolini.



Seguindo esta mesma linha de acontecimentos, em 1940, na própria França, surgia a resistência à ocupação nazista que produziu a surpreendente coligação de forças aparentemente antagônicas, como os socialistas e comunistas, incluindo, nas palavras do jornalista, “patriotas de direita, como o escritor George Bernanos, católico extremado, vitalmente antifascista, que, juntamente com seus seguidores, foram comandados pelo General De Gaulle, tido como sendo da ala conservadora”.



Amanhã, a história parece se repetir. As forças de esquerda, inclusive a esquerda radical, juntar-se-ão as correntes da chamada direita clássica, para apoiar o candidato Jacques Chirac. “Os franceses adoram complicar, apesar de terem produzido o cartesianismo, teoricamente linear”.



A reportagem sugere que estes fatos não se restringem à França. Nos Estados Unidos, esse “primarismo ideológico”, de esquerda e de direita, teria levado o esquerdista Ralph Nader a colocar na Casa Branca o primata George W. Bush, “porque os progressistas não viam diferença entre ele e Al gore”. Coisa que, no dia seguinte à sua posse, o mundo ficou sabendo. E até hoje tem preocupado a todos.



Marx, por sua vez, já acreditava que a ideologia fosse noção bastante capciosa. Esta semana, um dos expoentes luminares do pensamento francÊs, Jean Baudrillard, vem ao Brasil para acabar com a farsa ou à ilusão deste velho dualismo entre esquerda e direita. Nas diversas entrevistas que já concedeu, o pensador francês foi categórico ao proclamar “a inevitabilidade da incerteza.”. “Esquerda e direita não acabaram”, afirma Baudrillard, “assemelham-se cada vez mais”.



Que os eleitores brasileiros comecem a pensar sobre o assunto. A interessar-se mais por política. Caso contrário, ficará cada vez mais difícil votar com consciência. E sempre estaremos correndo o risco de comprar gato por lebre. E, até agora, não existe, em política, PROCON que dê jeito. Não é por outra razão que os marqueteiros de plantão estão se sentido livres para maquiar seus produtos. E vendê-los sem entrada e sem fiador. Com o primeiro pagamento previsto para o início do ano que vem. Cuidado com a propaganda enganosa. Os juros estão embutidos nas propostas. Depois não se arrependam quando a conta chegar muito alta. Aí será tarde demais, e Inês morta.





Domingos Oliveira Medeiros

Reap. 23 de julho de 2002









Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui