Usina de Letras
Usina de Letras
137 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62186 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22532)

Discursos (3238)

Ensaios - (10351)

Erótico (13567)

Frases (50586)

Humor (20028)

Infantil (5426)

Infanto Juvenil (4759)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140793)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6184)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Roteiro_de_Filme_ou_Novela-->A vida como um projeto -- 08/02/2000 - 13:42 (gilberto luis lima barral) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

A vida como um projeto
cap. 1


Eu resolvi escrever esta narrativa porque acredito que ficaria mais leve depois de fazê-las. O peso dela recai mais sobre os meus dias mas, uns mais, outros menos, todos nós estamos carregando algum, e de qualquer modo até sem apercebermos. Também não gostaria de importunar mais nenhuma pessoa, principalmente agora que o tempo é curtíssimo e a vida de cada um se tornou tão importante e urgente que até os trabalhos solidários devem ser resolvidos com urgência. Pôr outro lado os meios de diversão também tomam muito de nosso tempo, quando já se pode se divertir de dentro de casa pelas várias vias de comunicação, pêlos chats. E a realidade já pode ir junto com a imaginação pelo mundo virtual afora, frenética. Com essa outra realidade virtual as pessoas podem ir para as comunidades virtuais e se desligarem um pouco, ou muito se quiserem ou for o caso, da vida real. Afinal a realidade de concreto é, pôr óbvio, pesada. Na verdade a realidade virtual também pode ser muito pesada, mas isto é outra história.
Mas naqueles dias que conheci as pessoas que agora estariam comigo aqui para realizarmos o tão sonhado projeto, o maior de todos, ou talvez o primeiro de uma série deles no entanto, não existiam esses mundos tecnológicos como instrumentos para se ir além dessa vida. E ficávamos perambulando pôr aí em busca de coisas para fazer, não conseguíamos ficar trancados em casa com nossas vidas sabendo que as ruas estavam fervilhando no movimento incessante e próprio delas.
Robbie, my best friend, tinha pôr diversão dirigir veículos, qualquer um deles. Pouquíssimas vezes ele foi visto andando a pés. No mínimo uma bicicleta o conduzia às suas voltas, aqui e ali. Ele era um garoto de classe média do interior que tinha vindo para a minha cidade estudar em alguma escola. Mas ele gostava mesmo era de música e era uma contradição gostar de música e saber dirigir do modo como ele o fazia. Seu pai, deu uma festa para a gente uma vez que deixou eu e ele e mais quatro ou cinco mocas desmaiados no gramado da fazenda de tanta diversão e cerveja. Robbie adorava tocar suas músicas. Tocava teclados. Um garoto que tocava músicas, exímio motorista e filho de um deputado fazendeiro. As garotas o adoravam e ele conhecia as melhores delas. Antes dele somente Allien poderia aparecer com ainda melhores. Este sim me apresentou a única garota que amei, mas ninguém vai acreditar nisto, principalmente Louie. A doce princesa das minhas noites andarilhas. Um dia destes vocês saberão quem foi esta mujer, ou melhor, como foi que começamos o nosso caso, se posso dizer assim, de algo tão parecido a um namoro, na acepção mais romântica do termo, que traduz a nossa trajetória belíssima.
Robbie, como eu dizia, vivia para lá e para cá com seus equipamentos para músicas e seus veículos. Queria levar músicas para todos os cantos. Ele tinha vários esquemas para instalação de som em qualquer praça ou outro local a que fosse demandado. Queria ele levar a sua música para todos os lugares e principalmente usar o seu som para “acordar as mentes que estavam amortizadas e estagnadas”, pôr algum poder imagino. A morte prematura de seu pai, um deputado das esquerdas, talvez tenha contribuído bastante para este seu comportamento, mas não para a vida leve que ele continuava a levar. Os seus subterfúgios eram a música e os veículos, enfim. E eu gostava muitíssimo dele. A gente se divertia bastante. Ele ter um carro, por exemplo, facilitava tudo. Um veículo tem sempre a sua utilidade. Tem pessoas que como ele não faz nada sem um meio de locomocão que não apenas as suas pernas. No entanto para se guiar uma boa soma de veículos é preciso usar os pés, quando nas as mãos e o cérebro e toda a nossa atencão. Andar a pés tem a vantagem de você poder ficar completamente disperso. Também pode acontecer quando você é apenas o passageiro do veículo. Robbie não ia nem a padaria andando. Desde os seus mais remotos anos ele se viu envolvido nos artíficies, no início com voadores, em seguida um jipinho bandeirante, depois uma bicicleta e a entrada triunfal no mundo das máquinas quando então comprou a motocicleta. E aí essa história daria pelo menos um capítulo que eu poderia chamar, por exemplo, de Robbie e os meios de locomocão. Mas o que importa reter nisso são os veículos. Eles que nos conduziram a vários lugares que foram importantes em nossas vidas. E a tantas aventuras que estou ficando mesmo louco por não poder comecar aqui a falar de pelo menos um milhão delas.
Mas eu já não me aguentava mais de tanta diversão fuleira e ao mesmo tempo ter de trabalhar e estudar, e ainda cuidar da minha vida danada, que não se dava numa ordem como a desta frase. Eu me divertia, trabalhava, estudava e tudo, mas todos os projetos de vida se diluíam, talvez pôr serem complexos, na dinâmica dos dias. Isso também acometia a Allien, conforme ele me confidenciou. Ele também tinha um monte de projetos. Talvez resquício de nossas trajetórias de colegiais antenados da Escola Estadual Principal Evento.


cap. 2

Um de nossos projetos juntos foi a disputa pela direcão do grêmio estudantil da escola. Num tempo em que ainda estávamos sob a névoa amarga da ditadura foi uma tarefa bastante árdua, mas vitoriosa e promovedora de novos ares. E que ares ! O nosso projeto era largo. Foi aí que conheci um monte de malucos, como se dizia. E eu era um deles. A nossa estratégia era pura acão. Organizamo-nos em equipes com cada um de nós- aqui não teria espaco para falar de cada uma dessas pessoas, todas pessoas fantásticas e que eu não sei por onde andam, mas que eu amo do fundo do meu coracão (sic)- à frente de uma proposta. E nossas propostas iam em todos os sentidos. Teriam departamentos para assuntos de política, de educacão, de cultura, de esportes e tudo mais. E teve mesmo. Até corrida com carrrinhos de rolimã pela rampa que cobria os sete andares do prédio da escola, e que foi muito engracado ter podido assistir aqueles grandões se ferrando curvas abaixo. Mas não eram so os grandões, eu minto. Teve uma bocada de garotas também. A gente ganhou a eleicão para o grêmio para um mandato de um ano. Acabamos ficando dois anos, através da reeleicão. Que é um sistema que quando bem conduzido pode até resultar benéfico. Mas política é o fim. Ou pelo menos o é da forma como ela esta sendo conduzida dentro das pessoas.
Talvez eu encontre essas pessoas um dia no mundo das estrelas se algum de nós formos para lá. Mas somente agora eu posso compreeender a dimensão de nossa estratégia política. Nós nos espalhamos pela escola na nossa busca de votos como os vermes no queijo. Lancamos uma onda de, digamos assim, liberdade que contagiou todos os três turnos, de modo que tivemos votos em todas as turmas. Foi muito bonito. Já empossados promovemos imediatamente um festival da cancão. Como apareceram candidatos ! Parecia que todos naquela escola eram músicos. Mas o certo é que todos faziam alguma coisa, ou pelo menos estavam querendo fazer.
Eu, Robbie, Lemon que foi o melhor baterista com quem já toquei e Baldim nas guitarras montamos uma banda infernal, que só não ganhou o festival porque apareceu o Vívian com uma cancão, no estilo umplugead, para voz, violão e banquinho que deixou toda a escola estupefata. E também porque na nossa apresentacão, que fora milimetricamente ensaiada para ser um estouro, eu, bêbado, errei a entrada na música o que irritou um pouco o público e bastante os meus queridos amigos músicos. Mas o mérito foi realmente de Vívian. Ele era desde sempre o mais inspirado. Tocava todos os instrumentos que pudesse existir e até inventava alguns. Ainda jovem foi para NY se dedicar inteiramente à música. Uma pena que dois meses depois chegou a notícia na escola de que ele havia morrido. Ele estava num cruzamento esperando o semáforo abrir para atravessar a rua quando um veículo desgovernado bateu em um poste e este o atingiu. Ninguém quiz acreditar naquilo. E a sua cancão “Cerveja Amarela”, que já era cantarolada por quase todos, desde o festival, não pode ser ouvida no seu enterro, porque o seu caixão não podia ser aberto devido às burocracias das embaixadas e isto insatisfez os ânimos dos amigos que, em protesto, não compareceram para a cerimônia. O pior é que os pais dele concordaram pacientemente com a burocracia. Bom também tinha ainda a névoa amarga.


continua daqui a cinco dias...
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui