Há situações em nosso dia a dia em que, embora haja testemunhas em contrário ou mesmo alguma evidência, sabe-se que dificilmente o que se está ouvindo é verdade. Ou toda a verdade.
- Doutor, eu tentei chegar mais cedo, mas não deu. Não tinha ónibus.
Ou então, o clássico "é rapidinho, um minuto e já volto". Nestas situações, fica-se sem ação. Ou se engole em seco, o que geralmente faço, ou se é obrigado a confrontar diretamente o interlocutor, o que é sempre desagradável, embora à s vezes possa ser divertido. A resposta vem sempre revestida de óleo de peroba.
- O senhor está duvidando de mim? Juro pela ...
Nem sempre digo, mas a única idéia que me vem à cabeça é a de que eu, realmente, custo a acreditar. É curioso como muitas vezes somos confrontados com desafios como este. O interlocutor, do alto de sua credibilidade nos encara como se duvidar dele fosse uma incoerência total ou má fé despropositada. Como se fosse digno do maior crédito e nunca tivesse aprontado nenhuma. São variantes da boa e velha cara-de-pau.
Agora que está na moda assistir a depoimentos pela TV, vê-se cada coisa. Fosse uma aula de retórica e argumentação, seria brilhante. Fosse uma aula de mau gosto e baixaria, também não seria má. Em geral, vê-se um grande talento para a ficção.
Quanto ao que se quer saber mesmo, em geral, custo a acreditar.