"Às margens do rio que morre..."
Não, ainda não me sentei, mais chorei. Chorei pelo rio que dá de beber a tanta gente; que muitas vezes no calor, me refresquei nele; pelo melhor amigo que se sentava na ponte e ficava horas tentando pescar um peixe; pelo emocionante dia em que um jacaré dava voltinhas por ele; pelo amigo famoso da classe que ganhou muitas medalhas na canoagem, competindo nele; pelos irmãos que roubam a toalha de mesa da mãe junto com eternos meninos, para levarem o bote até o rio e então descer numa aventura emocionante. Acho que todos os que nasceram ou que vivem em Pádua, choram ao ver o Rio Pomba morrer.
Não seremos as primeiras nem as últimas cidades a chorarem pelos seus rios, mares, lagoas e baías. A negligência, a incompetência e o egoísmo de alguns fazem de rios como o Pomba e o Paraíba do Sul, rios mortos. Os peixes, bichos, as pessoas, todo o ciclo de uma biodiversidade foi modificado, prejudicado pela falta de respeito do homem pela natureza. O homem destrói a ele mesmo, destrói principalmente o futuro de seus filhos. Quando será que saberemos amar e preservar o que é nosso? Talvez, quando a natureza já estiver morta.
A revolta e o questionamento são o princípio da mudança. E a vontade de um pode ser a de muitos. Os responsáveis pelo crime devem pagar, não ficarem presos. Isto não fará o rio viver. Devem pagar indenização aos pescadores pelo tempo sem trabalho, financiar inúmeros projetos para a devolução da vida aquática, principalmente a devolução da pureza da nossa água, etc. Sei que as coisas não são assim, sei que moro num país onde impera a omissão por parte de todos os órgãos públicos. Mais sei também, que os pescadores, os amigos, os moradores e as pessoas que respeitam o Meio Ambiente jamais esquecerão que viram seus rios agonizarem. Eu, pelo menos, estarei sempre cobrando e lutando pela coisa que deveria ser mais importante do mundo. A VIDA.
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