Às vezes fico reclamando das pequenas coisinhas da vida, quando deveria estar feliz por superar mais um dia sem maiores problemas.
Hoje, por exemplo, é sexta-feira: Dia Nacional da Cerveja. Não sei qual foi o fabricante que estabeleceu essa data, mas o fato é que todo mundo toma uma cervejinha na sexta. Menos eu, é claro, que não bebo. Sou daqueles sujeitos que vai ao barzinho e passa a noite tomando um, dois, três, quase quatro refrigerantes.
Você vai dizer: caramba, deve encharcar!
É verdade, viro uma piscina ambulante, até porque refrigerante não faz o mesmo efeito da cervejinha.
Nem conto com a animação de ir e voltar do banheiro várias vezes ao longo da noite. Um amigo diz que ir ao banheiro numa cervejada de bar é como abrir um novo parágrafo na conversa.
Pior: tenho que aguentar as piadas de fim de noite. Quem inventou o álcool deveria ser um piadista infame. Bom, mas o assunto não é esse.
O assunto é sexta, dia de alegria, puxa vida! Aproxima-se o fim de semana.
Claro que há um certo desconforto desde que me deram um celular para trabalhar. O sábado e o domingo foram transformados em dias curiosos. Em geral pela madrugada, sempre toca alguém do trabalho. Fora isso, tudo bem. Quem tem o meu número de celular tem, também, mira incrível. Liga sempre quando não deve. Mas a vida em sociedade é assim mesmo e, tirando as ligações inoportunas, o fim de semana é bom.
Logo, logo vem o sábado e o domingo. As crianças têm algumas festinhas de aniversario para ir. Algumas delas são em horários diferentes. Eu vou ficar rodando daqui para lá no sábado e no domingo, mas não tem problema. O dinheiro anda curto, mesmo. Não vai ter para cobrir eventuais despesas com passeios, então, a criançada se diverte, eu não gasto e ainda fico descobrindo novos endereços de buffets infantis. Isso talvez venha a ser útil um dia.
Sexta-feira, ó, sexta-feira! Sexta, lá em casa, aliás é feira mesmo. Dia de feira na porta de casa. Há um certo inconveniente, como ter que deixar o carro ao relento, sob pena de ter que ir trabalhar de metró. Mas já foi pior. Morava em um prédio onde havia revezamento, a cada semestre, para pegar as vagas do fundo. Eram horríveis. Durante um semestre inteiro um grupo de seis infelizes condóminos engalfinhava-se para entrar e sair das vagas, porque todos atrapalhavam todos. O fato de ter uma vaga só para mim em quase todos os dias da semana já é um grande alento.
Sem contar que ter a feira na sexta em frente de casa representa comodidade. Afinal, tenho a barraca de peixes bem na porta, do outro lado da rua. É só passar pelas barracas de batata e cebola e comprar o que quiser: filés de linguado, postas de cação, quilos de camarão... Tá bom que fica lá um cheirinho meio desagradável, mas tudo bem. É o preço que se paga em nome da comunidade.