Um dia desses fui à São Paulo. Preso no trànsito por um bom tempo, admirava a grandiosidade da cidade grande , enquanto considerava a desvantagem de se habitar em uma megalópolis. Andei no metró na hora do "rush", como que empurrado por um multidão cansada, suada e completamente mecanizada, pois ali não dava para se pensar se éramos seres humanos ou robós. Após as caminhadas longas, que as grandes cidades exigem, aportamos no lugar desejado. Tivemos ainda muito que esperar e nesse espaço de tempo, a melhor alternativa era mesmo pensar.
Então, refletimos, mais uma vez sobre a insignificància do ser humano que, isoladamente considerado, é um gota dágua no oceano, pois, a quantidade de indivíduos existentes no universo é astronómica. O que representamos com nossa carcaça no meio dessa multidão de biliões de seres habitantes no planeta ? Veio-me à mente, então, aquela passagem evangélica dificílima de se compreender : " até os fios de vossos cabelos estão contados". Com uma vasta cabeleira, como poderão ser contados os fios dos nossos cabelos ? Sempre achei incompreensível ou inexplicável essa passagem. Mas, pensando na multidão, nas grandes aglomerações, tão frequentes e abundantes, onde - se participamos - somos insignificantes, embora não desprezíveis, começamos a entender que os fios de cabelos podem ser contados, mormente por uma Entidade Superior.
Portanto, estamos sempre apreendendo com as lições do simples viver. Acredito ainda que a vida em pequenos grupos e logicamente na própria família é a mais agradável, pois tudo é facilitado e os nossos hábitos , que constituem uma segunda natureza, podem ser seguidos com tranquilidade , sem perturbações. Mas, as grandes concentrações serão inevitáveis e quer gostemos ou não, seremos obrigados a participar, sobretudo e inexoravelmente , do julgamento universal, quando ocorrer ressurreição da carne. E, para chegarmos ao julgamento universal - que ocorrerá no final dos tempos- teremos, preliminarmente, de passar pela morte e aguardar séculos, talvez milênios, para ressuscitarmos. Mais outro mistério que apenas de leve podemos afloramos, para não ficar vagando em raciocínios intelectuais. Imaginaram que os ossos alguns anos após a morte são colocados em sacos plásticos e daí guardados até serem definitivamente transformados em pó? O nosso consolo porém, está na própria Escritura, afirmando que ressuscitaremos e que os corpos dos justos serão gloriosos. A carne de corrupta passará a incorruptível. Espero, então, que a incorruptibilidade da carne torne ameno o convívio com a multidão, porque todos seremos perfeitos e, além do mais, estaremos diante de Deus , compreendendo todos os mistérios.
Concluindo com pensamento mais terreno: pobre habitante da megalópolis que, lutando pela vida, parece não encontrar tempo e meios para as coisas do espirito.