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cronicas-->A Lua é a mesma -- 10/08/2000 - 19:22 (Maurício Cintrão) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
É início da manhã, quase madrugada. Saio cedo para o trabalho, de carro. Ainda há Lua no céu, que desmancha porque míngua. Um bonito espetáculo nessa manhã fria e sonolenta.
Lua no céu é uma das poucas visões gratuitas que não mudou nos últimos anos, salvo por alguns choques de meteoritos histéricos ou pegadas de astronautas bêbados. Mas isso eu não enxergo daqui, com os olhos arranhando de sono.
Só vejo a velha e boa Lua, que continua bonita.

Como são bonitas as comerciárias que aguardam condução, ali na calçada. Interessante notar enquanto o farol não abre. Elas estão mais preocupadas com as coisas da Terra do que com a Lua.

Nos divertimos, eu e a Lua, observando as moças que não ligam para o céu, nem para mim. Olham lá longe, no fundo da avenida, à espera da visão redentora do ónibus.
Talvez seja comum haver Lua e motoristas observadores pela manhã e por isso nem liguem para nós.

Se eu fosse uma comerciária, parado no ponto de ónibus a uma hora dessas, a última coisa que notaria seria a Lua no céu ou alguém observando do carro.

Mas eu não sou comerciária, nem moça, muito menos espero condução. Tenho o privilégio de observar a Lua e as moças comerciárias sob a luz tímida do dia que nasce. E fico feliz com isso.

Vai ver é influência da Lua. Quem sabe?
Afinal, ela mexe com as marés, com os humores e com os cachorros, sem contar os lobisomens que, verdadeiros ou falsos, não teriam motivo para uivar se não fosse a gloriosa Lua, noturna ou matinal.

Lua enigmática que, de órbita em órbita, muda um pouco de trajetória. Pode estar para cá ou para lá do prédio em frente de casa. Sei disso com precisão, pois, se está do lado de cá, posso contemplá-la sem problemas. Do lado de lá, só esticando o pescoço.
Lua que iluminou meus sonhos, o primeiro beijo na beira da praia, as madrugadas angustiadas na expectativa do primeiro filho e outras expectativas não menos complexas pelos três que vieram depois.

"Tomo banho de Lua, fico branca como a neve...".
Engraçado lembrar agora da menina que cantava essa música e me fazia sonhar, na adolescência. Nos conhecemos na praia, quando a obsessão era tostar a pele ao Sol e não embranquecer feito suspiro. Mas ela cantava como Cely Campello e eu adorava a idéia da suposta brancura de seu corpo entre meus braços. Não lembro o nome dela. Também, não ganhei nem um beijinho!

Ah, um ónibus chegou.
As nuvens começam a se formar.
O dia clareou e o farol abriu.

Maurício Cintrão

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