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cronicas-->Picaretagens Éticas -- 19/02/2003 - 07:15 (FAFÃO DE AZEVEDO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O ridículo não me aflige. Já estou acostumado com ele, convivemos pacificamente pois meu corpo já é ridículo por natureza. As sequelas da poliomielite que contraí aos dois anos de idade (antes da existência da vacina) me deixaram com as pernas atrofiadas e com um forte desvio na coluna vertebral. Se fosse ligar pra isso não teria vivido decentemente tudo que vivi.
Apesar da dificuldade de locomoção, conclui meu curso superior na Universidade de Brasília e trabalhei muitos anos no Banco do Brasil, onde exerci cargos no Departamento de Recursos Humanos e, posteriormente, na área de informática. Hoje estou aposentado mas pago meus impostos em dia e não devo nada a ninguém (exceto o financiamento da casa própria). Me divirto lendo bons livros e escrevendo umas croniquinhas sem pretensões, embora já tenha vencido alguns concursos.
Ofensas à minha dignidade sim, me deixam aflito. Prezo muito minha dignidade e tenho sangue quente, latino. Muitas vezes não consigo me controlar quando me sinto ofendido, exijo explicações.
O que aconteceu na noite de 27 de junho p.p., na Livraria da Travessa, em Ipanema, me incomodou sobremaneira.
Na parte da manhã, quando adquiri para minha filha o livro "Pé de Pilão" do poeta Mário Quintana, recebi da própria livraria um convite para o lançamento do livro "Agamenon O Homem e o Minto" da turma do Casseta & Planeta. Compareci no horário marcado em companhia de minha irmã, comprei um exemplar, pedi os devidos autógrafos e fiquei conversando com outros frequentadores. Saboreando o vinho branco que nos era servido e jogando conversa fora... falando abobrinha... como era de se esperar num evento onde se reuniam leitores das "Memórias de um picareta ético" (subtítulo do livro) do referido Agamenon. Sou fã de seu humor jocoso e irreverente.
Minha intenção nessa noite era me divertir e estava realmente me divertindo bastante até que ao sair do estabelecimento, já em plena via pública, fui abordado grosseiramente por uma funcionária da loja que, com toda a arrogància possível, me disse que eu não podia levar para casa as taças de plástico (descartáveis) do vinho que eu mesmo bebi. Retruquei que gostaria de saber o porquê. Ela se limitou a comentar que era muito feio aquilo que eu estava fazendo, o que para mim soou como uma provocação barata.
Ora, está claro que nosso conceito de feio ou bonito diverge substancialmente. Eu considero que feio foi a maneira como fui abordado e o fato dela me sonegar uma explicação plausível. Pouco se me dá o que pensam outras pessoas do fato de eu estar levando para casa as taças de plástico (descartáveis, repito) que foram utilizadas por mim mesmo, com o intuito de transforma-las em brinquedinhos para minha filha de um ano e quatro meses de idade. Intenção esta já declarada à tal funcionária.
Infelizmente, nessa hora, fiquei transtornado e resolvi voltar à livraria para saber de quem de direito as razões de tamanha implicància. Lamento ter dito alguns desaforos aos seguranças que me ignoraram solenemente quando pedi para falar com a gerência. Sei que eles estavam apenas cumprindo ordens e, como se dizia no tempo da ditadura: "órdis é órdis". Lamento também o incómodo que causei aos outros convidados e aos autores.
Já mais calmo, aguardei um bom tempo mas ninguém apareceu. Recebi apenas o comunicado de que iriam chamar a polícia. Achei que seria muita covardia de minha parte fugir pelo fato de estarem ameaçando chamar a polícia, afinal eles já haviam recolhido as tacinhas descartáveis e eu estava apenas querendo uma explicação. Esperei, muito bem comportado, até a hora em que vi dois policiais lá do lado de fora. Saí para me apresentar mas eles não quiseram me ouvir, disseram que estavam ali só de passagem. Não houve chamado algum, foi um blefe. Pensando bem não havia mesmo motivo para tal.
Ainda tentei falar na livraria mas a porta foi fechada na minha cara, não me restando outra alternativa que o retorno ao lar.
Mas passei a noite em claro, matutando. Será que eles queriam tanto as tacinhas de plástico (descartáveis) para reaproveitamento em outro coquetel? Difícil de acreditar... mas nesse mundo tudo pode acontecer... Estou pensando seriamente em enviar um cheque para ajudá-los a comprar tacinhas descartáveis novas, um pacotinho que seja. Pelo menos estarei fazendo a minha parte.

28/6/2002
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