Sentimos muita falta do sagrado. Estão querendo fazer desaparecer o mistério de tudo. Missão impossível. Na linguagem profana substituiram a palavra mistério por tabu. Assim os terapeutas da alma falam muito em "tabu sexual". Era muito sugestivo indagar como nasciam as crianças: o padeiro trouxe numa cestinha, a cegonha em seu bico e assim por diante. Destruiram essa fantasia e hoje qualquer criança de 5 anos já sabe que veio da barriga da mãe (não existe mais o "estado interessante"). Que desilusão ! A fantasia era muito mais bonita, indolor. Hoje a tevê e as revistas exibem a crueza das cesarianas, principalmente, omitindo , é verdade, a parte do sofrimento.
Nas Igrejas, então, o respeito era total : não podíamos fazer barulho, conversar. Aquela luzinha vermelha, dia e noite , indicava que Jesus estava ali presente, no sacrário. Hoje, a luzinha vermelha ainda persiste. Jesus realmente continua presente no sacrário, mas ninguém - ao que parece-, está ligando muito. Conversa-se em vóz alta, foi-se o respeito e muitos, sem dúvida, ignoram ou duvidam da presença de Jesus no tabernáculo. Na quaresma os santos eram cobertos com um pano roxo. As missas de 7° dia chegavam à s vezes a impressionar com músicas fúnebres tocadas por órgãos potentes, e uma grande eça instalada no centro da Igreja. O incenso, os turíbulos, os padres de batinas pretas, os coroinhas os imitando, os sinos tangendo, alegres nos dias festivos, dolentes nas chamadas para os enterros etc., tudo aparentava um ar de coisa sagrada, de respeito, de mistério...
Os tempos mudaram mesmo. A missa de 7° dia é festiva como as outras. Os sinos não são mais tangidos. Os coroinhas desapareceram e a maioria dos padres usa roupa iguais as dos outros homens. Tudo bem, como se costuma dizer. Mas que a sacralidade faz falta é incontestável. Sobretudo quanto ao Santíssimo Sacramento. Há muitas formas de se encontar com Deus, mas a ortodoxa e real, tirante a Missa, é adorá-lo na Eucaristia e consumi-lo como Pão da Vida.
Quem é profundamente crente pode concluir, sem dúvida, que os desatinos e desencontros do mundo atual se devem ao abandono do Deus feito Homem nos sacrários das Igrejas. Quem O visita, quem O adora, quem O depreca para nos ajudar ? E por que Ele nos iria ajudar totalmente , se somos ingratos, omissos , displicentes ? Será que estou errado em meu raciocínio ? Não é verdade que as Igrejas, salvo à s horas das missas , se encontram quase vazias e muitas até fechadas por razões de segurança ou mesmo por falta de sacerdotes ?