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cronicas-->Descendo -- 24/07/2000 - 14:21 (Renato Rossi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Hoje desci do décimo nono andar ao térreo parando em cada um dos andares. Não, não foi nenhuma traquinagem, o trànsito é que estava intenso e a cada andar entrava alguém.

Naturalmente, cada um que entra no elevador é devidamente analisado pelos "mais antigos" e, rapidamente, junta-se aos outros para analisar o próximo a entrar. Durante o trajeto a análise é aparentemente interrompida porque todos ficam olhando a indicação dos andares percorridos. Isto é para disfarçar. O fato é que o olhar fica oscilando entre o mostrador e os demais passageiros. Há quem consiga deixar um olho fixo no mostrador e com o outro analisar cada um dos companheiros de viagem. Há mesmo quem consiga entre uma e outra observação, olhar-se no espelho do fundo e fazer uma análise comparativa. Como resultado, alguns ajeitam a gravata, erguem a calça para a posição correta, arrumam a blusinha, entre outros acertos. Os mais vaidosos encolhem a barriga. Fica chato quando os olhares investigativos se cruzam. Logo desviam, mas fica a dúvida sobre o que mesmo o outro está observando tanto. Se isto lhe acontecer, não se preocupe. É assim mesmo, só curiosidade. De qualquer forma, não custa ver se o zíper da calça está fechado. Não precisa olhar, basta apalpar discretamente. Se descobrir que está com um sapato de cada cor, finja que não notou.

A barriga do doutor, as tranças da menina, os olhos claros da mocinha, a elegància da doutora, nada passa desapercebido. Bundas, peitos, pernas, sapatos, valises e sorrisos também são observados, embora com maior discrição. As vezes sem discrição mesmo e não dá pra dizer que os observados não gostam. Dizem mesmo que há que se vista pela manhã pensando no que o pessoal do elevador vai pensar e, se o elevador passa vazio, espera outra viagem com maior lotação. Tem louco pra tudo, basta observar.

Sempre há quem suspire, alguém reclamando de qualquer coisa e quem resolva contar a vida toda entre o décimo andar e o térreo. Há também que tussa o trajeto todo e, mais raramente, quem sorria. Executivos com seus grandes negócios, advogados com argumentos e pareceres e crianças com suas perguntas inoportunas nunca faltam.

- Depois a mãe explica

O trajeto é curto. Mas é longo, sobretudo para quem vem desde o fim da linha.


escrito em 09.05.2000
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