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cronicas-->A última morada -- 12/11/2002 - 10:50 (Clair Ienite Gobbo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A ÚLTIMA MORADA

A mansão dos mortos é triste e solene a qualquer hora que nela entremos.
Ao amanhecer, quando a natureza acorda, os pássaros gorjeiam alegres, as árvores se agitam à brisa matinal, e as flores desabrocham ao calor do sol de estio, o cemitério dorme, ainda e sempre, o sono eterno da morte.
Nem um raio ardente aquece aquelas campas nuas e frias em seu mármore esplêndido; nem um cadáver desperta do letargo da morte aos suaves trinados do passaredo travesso.
Ali há sempre inverno, sempre sono, sempre a imobilidade tumular.
As próprias flores que vicejam à beira das lápides, ainda mais entristecem a lúgubre necrópole pelo contraste de uma louçania e galas com a severidade da cruz, com as imagens chorosas de anjos, com a sombria perspectiva dos monumentos fúnebres.
Dir-se-ia que aquelas saudades roxas, aquelas sempre-vivas de ouro, aqueles goivos floridos estão a dizer-nos: "A vida não é mais do que um passo para a morte".
E a vaidade humana ainda lá penetra. Nesses magníficos mausoléus ainda o rico quer dominar o pobre em sua cova rasa, muitas vezes sem cruz nem grade.
Ilusão! Todos dormem o mesmo sono, todos são igualmente corroídos pelos vermes da podridão...
É triste a cidade dos mortos. O cipreste esguio lugubremente se agita ao menor sopro da brisa; o chorão tristonho ensombra aqui e acolá as margens desses grandes quadros de carneiros, uns vazios, outros ocupados.
Uma cruz, uma pedra, uma grade, um jardinzinho, um monumento quebra a uniformidade dos jazigos. Sobre o mármore não raro se vêem inscrições fúteis para o desconhecido e profundamente significativas para a família do morto.
Além se estendem as sepulturas rasas em muito maior quantidade que os carneiros, tendo quase sempre por único distintivo um número; e, se é enterrado de pouco o pobre, uma grinalda de perpétuas ou saudades encima-lhe a tosca chapa do número.
E mais longe a vala comum... Míseros os que não podem pagar, os que não têm direito a uns palmos desse chão de horror habitado pela morte!

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