S. Paulo, na epístola aos colossenses (3,12), aconselha ao cristão revestir-se de muitas virtudes, inclusive a paciência. Todas são muito importantes, mas para os tempos atuais, creio que a paciência precisa ser cultivada ao máximo, pois vivemos correndo, apressados, querendo que as coisas se realizem senão automaticamente, ao menos com extrema rapidez. Todos querem ser atendidos rapidamente; filas são insuportáveis; queremos ser curados num abrir e fechar de olhos; emprego tem de ser instantàneo e para conseguir dinheiro no ato, há necessidade mesmo de se assaltar e roubar (coisas tão rotineiras que já estão sendo consideradas, por muitos, como "normais")...
A violência se encontra presente em todas as cidades (quanto maior, pior) e gostaríamos de resolver o problema também imediatamente. Aí vamos ter que possuir muita paciência porque os entendidos no assunto não se entendem, pois divergem no aspecto de enfrentá-la. Realmente, a solução precisa ser local, não valendo medidas amplas e gerais, como o desarmamento. Este, como a medida de se proibir a fabricação de bebidas, cigarros, munições e fogos de artifício etc., são impossíveis de se concretizarem e, portanto, não devem nem ser pensadas.
A única medida geral, possível e recomendável para se combater a violência, é a educação, pois seres educados, civilizados cometem delitos apenas em situações extremamente humilhantes ou quando se encontram fora da normalidade. Quanto à essa medida, tão clara, temos de nos revestir de paciência incomum , pois , entra ano sai ano (esperamos que o ano não seja substituído por século), tudo continua do mesmo jeito. Como o Brasil é o país do carnaval, para muitos, acredito que se poderia fazer um samba enredo das considerações que tenho feito sobre a violência.
A paciência também anda curta em se aceitar a falta de dinheiro e a impossibilidade de se obte-lo. Realmente é duro, penoso - face o apelo do mundo consumista que a midia ,principalmente eletrónica, lança em nossas moradias -, suportar a pobreza, ou seja, a insuficiência de bens materiais. Quem refletir sobre o que acabo de escrever, entenderá onde se encontra uma das causa da violência e - quem sabe -, poderá vislumbrar alguma forma para combate-la. Fala-se em melhor distribuição de renda. O assunto é complexo (quem sabe um dia o desvendaremos), pois ninguém vai repartir o que conseguiu a duras penas, sendo mesmo correto se aumentar o PIB (sobre o que é o Pib e como aumentá-lo já esclareci há algum tempo).
Finalmente, a paciência anda curta para cuidarmos do que realmente interessa: o aperfeiçoamento espiritual. E aí cometemos um grande erro, pois esse aperfeiçoamento não depende de dinheiro algum e se dá com ou sem violência. Estamos sem paciência para meditar sobre as verdades evangélicas, pois, se a tivéssemos seríamos capazes de distinguir facilmente o joio do trigo , não nos desesperaríamos com a maldade que campeia solta e notaríamos que, ao nosso redor, apesar de tudo, ainda existe paz e tranquilidade.
