Tenho notado que articulistas ou cronistas, escritores em geral adoram repetir expressões ou palavras significativas ou bonitas (ao menos aparentemente), aptas para resolverem aquele momento de comunicação em que se encontram. "Uma luz no fim do túnel", é das mais encontradiças e que , pela abundància da repetição, vai se tornando por demais vulgar, como aquela outra "chegou ao fundo do poço". Imperdível, paràmetros, patamar, "um lugar ao sol", " o sol nasceu para todos" integram o ról de inúmeros outros lugares comuns. Tais considerações me fizeram lembrar das históricas frases que , no decurso da vida, aprendemos nas escolas, leituras etc. e , outrossim, dos abundantes emblemas e dísticos que merecem boa dose de reflexões, porque são impregnados de profundos ensinamentos.
"Até você Brutus, me atraiçoa", diz César apunhalado pelos seus inimigos na escadaria do Forum Romano. Imaginem, até um sobrinho participar do assassinato do tio ! Do tempo de César lembramos mais aquelas duas célebres expressões, ainda bem repetidas nos dias de hoje: "vim,vi, venci" (veni, vidi, vince) e "a sorte está lançada" (alea jacta est) . Também, o "Até quando, Catilina, abusarás de nossa paciência" (quosque tandem, Catilina abutere patientia nostra), do célebre discurso de Cícero cuja tradução podia ser ponto de antigos vestibulares de Direito , enquanto nos ginásios católicos era comum se ser indagado sobre o emblema "Per hoc signo vinces" (por este sinal hás de vencer) que apareceu para o imperador Constantino, filho de santa Helena na legendaria batalha onde, carregando o lábaro de Cristo, derrotou o tirano Maxêncio.
Dos emblemas, relembramos o célebre "Libertas quae sera tamem" (liberdade, ainda que tardia) da Inconfidência Mineira e dístico da bandeira de Minas Gerais e os do município e do estado de S. Paulo, respectivamente o "non ducor, duco" (não seja conduzido, conduza) e "pro brasilia fiat eximia"(para que o Brasil se torne mais grandioso). Das expressões latinas ou famosas é só questão de recordar e mencionar os que vierem à mente como, "sicut transit gloria mundi", "ora et labora", "mens sana in corpore sano", "natura non fecit saltus" e, naturalmente, todos os ramos do saber são prenhes de brocardos ou provérbios. Em filosofia gosto muito daquele principio "nihil est in intellectu quod prius non fuerit in sensu" (nada está no intelecto que não tenha passado primeiro pelos sentidos) e, em direito, com as citações do livro de Carlos Maximiliano, desde o "in claris cessat interpretatio", até o summum jus , summa injuria.
Mas , precisamos ir concluindo o artigo e , para tanto, escolhi o emblema, constante da cruz de Jesus crucificado , o I.N.R.J. (Iesus Nazareno Rex Judeorum) para tecer mais algumas considerações. Os escribas e fariseus foram ter com Pilatos, para que fossem trocadas essas letras, uma vez que eles não consideravam Jesus como o seu rei. Pilatos porém lhes respondeu "quod scripsit, scripsit", ou seja, o que escrevi escrevi. Esse "quod scripsit , scripsit" atravessou os séculos e até hoje é utilizado por aqueles que desejam manter seus escritos e opiniões. De outro lado tem o profundo significado histórico de lembrar: Jesus era judeu e veio para salvar o seu povo preferencialmente. Todavia, o povo judeu o recusou , optando por Barrabás, no célebre julgamento de Jesus comandado por Pilatos .
