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cronicas-->NOSSA SENHORA E O BOTIJÃO DE GÁS -- 29/07/2002 - 15:40 (Ucho Haddad) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Desgovernado, jamais o Brasil experimentou uma situação tão degradante. Do alto de sua majestade, Fernando Henrique Cardoso - um rascunho mal feito de Louis XIV - assistia a tudo como se não tivesse nenhuma responsabilidade. Longe dos indecifráveis números produzidos pela farsa "cardosiana" o presidente furtou, empunhando a sua incompetência, o sonho de um povo aguerrido e criativo. Jogou pelos ares a dignidade de uma nação. Encurralado pela própria desfaçatez, FHC foi obrigado a admitir que não existe uma saída sequer.

No meio de uma semana turbulenta, o brasileiro foi obrigado a conviver com uma verdadeira peça teatral que foi a visita da economista do FMI, Anne Krueger. Verdadeira divindade maquiavélica do capitalismo selvagem, Krueger desfilou antipatia, arrogància e desdém. Como se fora contratada para fazer o papel de monstro, o que visualmente não deixa de ser, a economista tratou de jogar do lado do governo, passando a aterrorizar o povo com suas ingerências políticas.

A brincadeira do governo se transformou em um auto-flagelo. O dólar disparou, e ao ultrapassar a barreira dos R$ 3 deu início à contagem para chegar aos R$ 4. Na mesma proporção aumentou a já impagável dívida brasileira. Subiu o risco-país, como também subiu o preço do gás. Há muito sem ter o que comer, o povo tinha no gás um propulsor de sua pseudo-fartura. Espiriteira do agora inexistente, o gás foi o acalentador da esperança do brasileiro ao ser responsável pelo milagre da multiplicação. Conseguia patrocinar a divisão de algo que se tornou, com o passar do tempo, indivisível. O alimento!

Dando sequência às suas constantes falácias, Fernando Henrique Cardoso insiste em afirmar que nunca o Brasil teve tantas conquistas sociais. É verdade, e o gás de cozinha é a melhor prova disto. Tornou-se objeto do desejo de muitos, quando na realidade passou a ser acessível a poucos. Como num passe de mágica o gás mudou de universo. Transferiu-se, por obra do caos, para a volátil lista de abastados consumistas, que de ora em diante estarão com todo o gás.

Preocupado com tantas coisas chegando às alturas, colocando em risco a tranquilidade de seu espaço aéreo, o verdadeiro Todo-Poderoso decidiu enviar ao Brasil, antecipadamente, a sua melhor representante. Nossa Senhora.

Já em terras brasileiras, a vice-diretora-gerente do céu assustou-se diante do conclamar da multidão. Indignada com tanta insegurança, e inconformada com o assalto ao apartamento de uma deusa, Nossa Senhora refugiou-se numa vidraça. Para concorrer com um país de altos riscos acabou disfarçada em uma mancha inexplicável. Mesmo assim, o devaneio popular conseguia enxergá-la.

No melhor estilo A Grande Escapada, Nossa Senhora reaparece no vidro de uma estante de uma modesta casa. Desta vez, Nossa Senhora optou por estar entre os seus. Reapareceu em São Miguel Paulista, na Grande São Paulo. Mesmo santos, Paulo e Miguel foram incapazes de mudar o cenário.

Relegado à própria sorte, e sem ter a quem se apegar, o povo cerceia com a fé o divino direito de ir e vir da famosa senhora. Unem-se aos milhares em torno do inexistente, externando súplicas e pedidos que deveriam ser atendidos pelos vencedores que emergiram das urnas. Mas não poderia ser diferente, pois afinal estamos no Brasil!

Desolada e incrédula, Nossa Senhora parece estar devolvendo a nossa sorte às mãos de Deus.
Mas deixar ao "Deus dará" um povo que consegue enxergar numa vítrea mancha a imagem de Nossa Senhora, não é uma desdenhosa covardia? No contra-ponto, exigir que a divina senhora por aqui permaneça, como a salvadora da pátria, seria uma heresia. Nem mesmo um abismado Garotinho faria isto!

Você seria capaz de permanecer, por muito tempo, em um lugar onde quem manda é o demoníaco FMI, quem executa pensa que é Deus e o Espírito Santo está sob a égide do capeta?

Então, o que faremos com a acuada e vitrificada Nossa Senhora?
Rezar para que ressurja num botijão de gás. Se não voltar ao céu por causa do preço, a qualquer momento poderá ir pelos ares!

Mesmo que a tradução da nossa dura realidade pareça uma pecadora brincadeira, nada mais é do que a crónica do óbvio.
Assim, só me resta um pedido.

Que Deus me perdoe!

Ucho Haddad
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