Usina de Letras
Usina de Letras
76 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62340 )

Cartas ( 21334)

Contos (13268)

Cordel (10451)

Cronicas (22543)

Discursos (3239)

Ensaios - (10410)

Erótico (13576)

Frases (50723)

Humor (20055)

Infantil (5475)

Infanto Juvenil (4794)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140849)

Redação (3314)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6222)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
cronicas-->Copa 2002 - Que culpa eu tenho em ser milionário? -- 22/06/2002 - 21:44 (Marcel Agarie) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Autor: Marcel Agarie
Data: 22/06/02

Redação: "Que culpa eu tenho em ser milionário?"

Que culpa eu tenho em ser milionário? Tenho certeza que muitas pessoas gostariam de estar no meu lugar, principalmente aqueles que falam mal de mim. Não tenho culpa que hoje o futebol movimenta bilhões de dólares pelo mundo inteiro, fazendo-me um privilegiado da situação. Melhor ganhar milhões - honestamente - jogando bola, do que traficando entorpecentes. Saibam que, assim como a maioria dos brasileiros, eu também nasci pobre e acreditei na diversão que todas crianças daqui praticam quando pequeninos. O futebol.

Meus pais não tinham dinheiro para comprar brinquedos sofisticados como video-games e carrinhos de controle remoto, mas com o pouco que dispunham, conseguiam comprar aquelas bolas "dente de leite", que eram vendidas por preços populares em bancas de jornais e bazares da região. Era a minha felicidade!

Passei a minha infància ao lado da bola, disputando partidas de futebol, todos os dias, com meus amigos em um campinho de terra batida próximo de casa. Nos jogos, comecei a me destacar entre os meus colegas, e papai muito observador, resolveu me levar para participar dos testes nos clubes da cidade do Rio de Janeiro.

Passei em um dos clubes que fiz teste. Era um clube pequeno, sem muita expressão no cenário carioca. O meu pai, com o pouco que ganhava, sacrificava-se em casa para que eu tivesse o dinheiro da condução. Como os treinos eram puxados, precisei abandonar os estudos para me dedicar apenas ao futebol. Foi uma decisão difícil, pois um possível fracasso em minha carreira futebolística, me levaria viver as mesmas dificuldades enfrentadas pelo meu pai, que pouco estudou.

Valeu a pena correr os riscos. Alguns meses depois fui transferido para um grande clube de Minas Gerais. Por lá, me profissionalizei e tornei-me titular da equipe. O salário que eu recebia, ajudou-me a dar uma casa e um padrão de vida melhor aos meus pais. Neste mesmo ano, ainda fui o artilheiro do campeonato nacional e me tornei famoso, sendo o rosto principal das primeiras páginas dos jornais de esporte de todo o Brasil.
O sucesso me transferiu para o futebol europeu. As cifras aumentaram e o número de zeros à direita também. Eu estava recebendo 20 vezes mais do que eu recebia quando me tornei profissional. Com o dinheiro, pude melhorar ainda mais a minha vida, a dos meus pais e, agora, de toda a minha família. Novas oportunidades de jogar em grandes clubes europeus apareceram, até eu vir parar na Itália, onde estou atualmente. Consegui um patrocínio vitalício milionário, e hoje sou ídolo do meu país, jogando pela seleção nacional.

Que culpa eu tenho em tudo isso? O que eu fiz para merecer críticas tão vorazes? Apenas sou um profissional, como um médico, um dentista, um engenheiro ou um advogado. Como todos eles, procuro exercer bem a minha função, para o meu bem estar e para o bem da minha família. Infelizmente, por mais dinheiro que eu ganhe, não tenho como mudar a situação social e económica do Brasil, pois não sou eu quem decido o valor do salário mínimo, os orçamentos para a educação, e também não posso impedir os desvios de dinheiro de obras superfaturadas. Porém, se olharem por tudo que eu passei para chegar aonde estou, talvez seja um exemplo para as milhares de crianças que nascem diariamente nas periferias de todo o Brasil.

Que culpa eu tenho em ser milionário?
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui