Quem tiver mais de sessenta anos pode entender melhor o assunto que vou abordar. Porque, os mais jovens se encontram empenhados na efervescente luta diária, pouco tempo lhes sobrando para elucubrações semelhantes à s que a seguir escreverei. Realmente, para os jovens é difícil pensar sobre a idade avançada e sobre os anos que desaparecem no abismo do tempo e passaram a ser chamados de século. Nós outros, veteranos em idade e que tivemos a graça de assistir a passagem de um século para o seguinte , estamos embasbacados com os ensinamentos daí advindos.
Imaginem , os caros amigos, como é grandioso o século e tudo que ocorre nesse espaço de tempo e como se torna fácil compreender o anterior e todos os demais que o precederam! Isso seria impossível , quando éramos jovens, pois, pensávamos então, exclusivamente no presente que tínhamos de enfrentar e no futuro que nos aguardava risonho. Agora, em provecta idade, seria a época ideal de retornarmos aos bancos escolares , nos embevecermos com as lições de história e as comprende-las . Mas, "Ars longa vita brevis" e assim temos, de nos contentar -se a saúde nos permitir e a aposentadoria nos ajudar - de, vez ou outra, regredir no tempo, penetrar no passado e nos encantar com aquela vida que fora maravilhosa, agora inanimável e imutável para a nossa visão de pósteros.
O século XX é o referencial de todos os sex, sept, octo , nonagenários e minguados centenários (queira Deus lúcidos e saudáveis)ainda vivos. Tudo que nele se passou, traz imensa saudade para essa legião de remanescentes, que procura enfrentar com galhardia os últimos anos que ainda lhes restam .Sem ilusões, procura, outrossim, raciocinar, entender, consertar, corrigir, disciplinar, ensinar, educar, sorrir e viver feliz. O século XXI para tais remanescentes é visto como o século de seus filhos, netos e posteridade. Os tempos são outros , já sobejamente prenunciados no final do século anterior, de exuberante progresso tecnológico, mas de elevado declínio moral. Como provectos cidadãos, sem a força física dominadora do mundo, têm de se conformar se lhes dão alguma atenção, porque a deteriorização moral dominante pode impedir a observància do quarto mandamento da Lei de Deus (na sua mais ampla interpretação). E assim os seniors, os mais antigos cidadãos, poderão ser postergados inapelavelmente, levando para o túmulo ou para o exílio o tesouro da sabedoria que deveria ser deixado como herança.
Mas, não sejamos tão pessimistas. Vivendo sob a égide do Cristianismo e dos nobres princípios da democracia podemos com tranquilidade aguardar o desenrolar dos dias e das noites. A mão de Deus está a nos tutelar e com a redenção do seu Divino Filho, o Espírito Paráclito soprará sobre nossas inteligências e a missão que nos foi conferida se cumprirá integralmente.
