O dinheiro faz uma falta imensa e é notado principalmente pela sociedade consumista, pois os pobres já estão habituados a viver sem ele. Todavia, em certos meios cristãos, paradoxalmente, há tendência muito grande em se desprezar o dinheiro (na teoria) e exaltar a pobreza , talvez em virtude da propalada opção pelos pobres, nem sempre bem compreendida .O meu enfoque, porém, não deseja ser polêmico, é outro. Estou considerando mais o lado humano em face dos modelos modernos de vida social que a mídia, sobretudo eletrónica, despeja em nossas casas.
Como possuir o conforto de bens materiais-móveis e imóveis - sem dinheiro, sem condições de pode-los adquirir ? E não seria bom mesmo usufruir as vantagens proporcionadas pela abundància de dinheiro ou ao menos pela posse tranquila de bens materiais ? Seria pecado, trabalhar para ter condições de viver confortavelmente, tendo dinheiro à vontade para gastos lícitos, oportunos e convenientes ? Claro que não, e é por isso que na tal opção pelos pobres precisa-se de muito cuidado em interpretá-la, pois não se vá pensar que para estar bem com nosso Pai Celestial, deve-se desprezar todos os teres e haveres. Aliás, se assim fosse, como a maioria do povo brasileiro é pobre, nem se precisaria evangelizar, pois a maioria já estaria salva .
Na verdade, a evangelização precisa cuidar da educação moral, acentuando a necessidade de todos serem pobres de espírito, pois é dessa pobreza que o ensinamento evangélico cogita e na parte material, todos devem procurar conseguir o máximo de bens , pois, de posse deles - no seu desprendimento material - poderão inclusive ajudar os seus irmãos. Não devemos esquecer que embora o Brasil seja um país rico, a maioria do seu povo é pobre e, portanto, os problemas sociais são estarrecedores. Já temos salientado, em outros artigos ou cronicas que a carência moral de alguns dirigentes políticos, a ausência de bons administradores e a abundància de espertalhões surrupiadores do erário, têm impedido o país de sair do nível de pobreza em que se encontra. Felizmente, a reação está acontecendo e aos poucos, "volente Deo", espera-se o fim desse doloroso estado de miserabilidade..
Há muito, milhões de brasileiros, na surdina do seu trabalho e da sua luta, vivem felizes, alegres, porque -com o pouco que têm-, não se abatem, eis que se encontram apoiados naquele ensinamento do sermão da montanha. Viver com parcimónia, com recursos dosados e controlados pode edificar o caráter, espiritualizar a vida, onde valores nobres alcançariam, então, o relevo merecido. Espera-se pois, que atingindo o progresso económico ardorosamente desejado, o brasileiro mantenha um espírito cristão morigerado e continue firme na alegria , apanágio que lhe foi sempre reconhecido.