Roberto Corrêa
Quando se escuta o gorgeio de um pássaro... Quando o sol se encontra firme num céu azul e o silêncio parece dominar o ambiente, talvez seja o momento propício para nos tranquilizarmos e pensarmos nas coisas boas da vida. E essas coisas boas - muitas vezes tão difíceis na realidade - talvez não o sejam nas recordações. O passado que, praticamente corporifica a vida - no meu caso ( e talvez de muitos), só tráz lembranças gostosas, porquê - não sei bem explicar -, tenho a impressão que até os máus momentos podem ser encarados apenas como tênues sofrimentos...
Acredito, então, que não nos devemos concentrar naqueles pezarosos momentos, mas volver os olhos internos para os quadros que a imaginação matiza suavemente e a memória conserva com precisão. E são tantos ! De variadas épocas, de situações diversas, de assuntos amplos e gerais. E´ só projetar as cenas que se desejam rever: aquela tranquilidade num desanuviado passeio ...aquela leitura amena ... aquela encantadoura vista campestre ...aquele banho de mar com os filhos pequenos...
Mas, somos obrigados a voltar ao momento presente. A breve incursão ao passado já nos reanimou e já nos deixou predispostos a encarar a realidade com otimismo . Não devemos nos quedar absortos naquelas recordações, no arquivo morto da vida . Precisamos partir para a criação, para o trabalho. Numa linguagem económica - tão em voga e absorvente -, diríamos que precisamos aumentar o Pib (produto interno bruto). E não será fácil, porque o mundo nos é adverso. Há necessidade de se ter consciência dessa adversidade, para que as desilusões não sejam maiores.Não podemos nos esquecer, infelizmente, que há muita inveja, muito despeito .E, com o desinteresse por eficiente formação cristã, o homem torna-se mais egoista e está se lixando, numa linguagem vulgar, se o próximo consegue ou não ser bem sucedido. Ninguém é de ninguém (como diz a velha canção), as dificuldades são imensas, nenhum maná (ao que consta), poderá vir a cair dos céus. Com essas reflexões conclui-se que temos de lutar muito e pedir a Deus, com intensas preces, para não desanimarmos e para vencermos os obstáculos que se nos deparam no rotineiro cotidiano.
Ao cair da tarde, na hora do Angelus, consideremos que é maravilhosa a acolhida do lar, onde a paz e a união imperam. Os sorrisos desabrocham , os pesadelos desaparecem enquanto a noite acolhedoura desce...