Usina de Letras
Usina de Letras
91 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62340 )

Cartas ( 21334)

Contos (13268)

Cordel (10451)

Cronicas (22543)

Discursos (3239)

Ensaios - (10410)

Erótico (13576)

Frases (50723)

Humor (20055)

Infantil (5475)

Infanto Juvenil (4794)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140849)

Redação (3314)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6222)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
cronicas-->A Perua Laranja da Telesp -- 09/01/2002 - 23:39 (Marcel Agarie) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Autor: Marcel Agarie
Data: 09/01/02

Crónica: "A perua laranja da Telesp"

Outro dia, passeando pela calçada da rua onde moro, vi um garoto que estava brigando com sua mãe porque ela não o deixava brincar com um carrinho novo que havia ganhado - acho que de natal -, pois sua mãe tinha medo que os seus amiguinhos quisessem brincar e sem querer acabassem quebrando. Vendo isso, me fez lembrar, ou melhor, me fez perceber que eu ainda não havia esquecido de um pequeno trauma de minha vida, a perua laranja da Telesp.

Perua para alguns, kombi para outros. Isso não importa. O que importa é esta história que irei contar sobre a minha infància, que graças ao bondoso Deus foi maravilhosa e feliz por eu ter diversos tipos de brinquedos. Disso eu não posso reclamar, pois todos brinquedos novos que eram lançados, os meus pais compravam para mim e além do mais, fui filho único até os meus sete anos - hoje tenho dois irmãos, que apesar de serem um saco, eu gosto muito deles - o que me privilegiou, pois os meus irmãos (a diferença de idade entre os dois é de 2 anos) não tiveram esta minha sorte. Talvez a sorte de meus irmãos, foi eu ter nascido primeiro, por isso tive que passar por todas as experiências - boas e ruins, e hoje eu já os alerto, antes que algo constrangedor possa acontecer.

Uma das minhas experiências que pude passar aos meus irmãos, é sobre aqueles dias em que a professora deixa você levar algum tipo de brinquedo (carrinho, bola, robozinho...) para brincar com seus amigos na escola. Sempre que este dia acontecer, deixe o seu filho levar o melhor brinquedo que tiver, para não passar pelo o que eu passei. Como eu mesmo disse, tive muitos brinquedos bons, mas minha mãe, assim como a mãe do garoto que vi na rua, não deixava levar os brinquedos novos para brincar com meus coleguinhas da escola, pois ela sabia que eu sempre emprestava os brinquedos para os outros, e sem querer alguém poderia acabar quebrando.

Sei que ela nunca fez isso por mal, mas certa vez eu ia levar um carrinho de fricção, um dos últimos modelos lançados da Super Máquina (o carrinho era uma réplica do carro do seriado "A Super Máquina"), mas minha mãe vetou a minha idéia, me proibindo de levar aquele carrinho, que era o sonho de consumo de qualquer criança. Para que não ficasse sem levar nada, ela foi até a feira livre próxima de casa e me comprou uma perua da Telesp, daquelas toda laranja (era a cor dos veículos da Telesp na época), com as rodas que nem rodavam e com uns adesivos na frente, dos operários dirigindo a perua. Em cima tinha uma caixa de ferramentas imaginária, com um martelo, uma chave inglesa e uma chave de boca, além de duas escadinhas de plástico para completar. Este era o brinquedo que eu poderia levar para escola.

Minha mãe dizia que ninguém iria levar brinquedos bons para brincar na escola e por isso eu não deveria me preocupar com a situação. Acho que essa foi a única vez que minha mãe não teve razão, pois cheguei na escola e vi todos os meus amigos com diversos tipos de carrinhos, uns de controle remoto, outros de fricção iguais aos que eu tinha, e eu com a minha perua laranja da Telesp. Confesso que na hora fiquei até um pouco envergonhado, mas depois passou.

Todas as crianças começaram a brincar no pátio da escola, e como é mania entre meninos, tiveram a brilhante idéia - ou infeliz - de tirarem uma corrida entre os carrinhos. Fizemos os preparativos e colocamos todos os carrinhos emparelhados, eles com seus carrinhos todos a fricção e eu com a minha perua da Telesp movido a impulsão. Impulsão é igual a jogar o carrinho com as mãos para frente e seja o que Deus quiser.

Todos em seus postos e, já !!! Como todos os carrinhos eram a fricção, saíram em uma velocidade espetacular, e como o meu era a base de impulsão, tive que dar um impulso, acho que foi de uns 400 cavalos, para que a minha peruinha laranja da Telesp não perdesse o páreo. Mas como ela era leve e de plástico, além de possuir rodinhas - que não rodavam - ligadas por uma pequena haste de ferro, acabou não suportando ao meu potente impulso, a fazendo capotar por várias vezes, despertando gargalhadas de meus amigos.

Para tentar amenizar um pouco a situação, minha professora sugeriu para que todos trocassem os seus brinquedos entre si. Sei também da boa intenção que ela teve no momento, mas isso acabou me traumatizando ainda mais, pois ninguém quis trocar de brinquedo comigo e acabei até o final do dia com a minha perua laranja da Telesp.

Por isso, sempre que seus filhos, irmãos, ou qualquer criança ganhar algum brinquedo bom, deixe-a se divertir. Não é tirando o brinquedo que vai fazer com que ela aprenda a ter cuidado ou a dar valor a suas coisas. O cuidado nós temos quando temos amor e é impossível temos amor por alguma coisa, sem que tenhamos algum tipo de contato. A prova maior, foi este contato que tive com a perua da Telesp, onde acabei criando um grande amor por aquela peruinha de cor laranja, com alguns pequenos detalhes em azul, e durante uns 10 anos guardei aquela perua laranja da Telesp como lembrança, um troféu, até o dia em que ela se foi e ficou somente nas fotos que tirei e nas lembranças de minha memória.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui