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cronicas-->Memórias do adeus -- 24/11/2001 - 03:17 (Maria José Limeira Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
MEMÓRIAS DO ADEUS
Maria José Limeira

Quando me lembro que existe adeus, recordo o
trem.
Passei toda minha infància numa estação
ferroviária.
Pois morávamos defronte à Great Western, onde o
trem chegava e partia.
Chegar e partir foi o que mais fiz durante a vida
toda.
Quando não foi mais possível ficar, parti.
E voltei.
Parti de novo.
Continuei chegando.
Indo embora.
E voltando.
O aprendizado do Adeus quem me deu foi o trem.
O mais interessante é que ele, quando partia,
emitia um silvo longo, interminável, que me soava
como marcha fúnebre.
Se gritava quando chegava, disso não me lembro.
Não existe nada mais triste do que um trem
partindo, com as lágrimas penduradas nas
janelas...
Cada vez, é mais difícil aceitar a realidade.
Solidão noturna está quase amanhecendo.
Fui visitar amigo, que estava doente. Ouvi,
espantada, o seu último pedido.
Paciente terminal não fica mais de pé em estação
rodoviária.
A gente tem que aceitar cada coisa!
O maior erro é tentar modificar o que não pode
mais ser mudado.
Unha de gato se esconde. Unha de onça é bem
visível.
Tentei ser bem comportada. Mas, nunca aprendi
qual o talher que devia ser usado, à mesa.
É melhor ser mulher-marginal brilhante do que
madame insípida.
Quando os deuses descobriram minha mortalidade,
foi o maior alvoroço!
Cetro que Rei usava era apenas versão romanceada
do chicote.
Quando terra estremece, é melhor pegar o trem na
direção da plataforma estelar.
Quando me avisaram "Cuidado!", já era tarde
demais.
Invadi teu coração, sem olhar o cão de guarda
sentado à entrada.
Quando noite chega, a única saída é lutar pelo
amanhecer.
Olhei pelo retrovisor e vi teu rosto sumindo no
caminho, com um sorriso de escárnio.
Guardei o primeiro beijo no caderninho escolar.
O primeiro poema que escrevi: "Te amo." O último:
"Ingrato..."
Tua peça de roupa estendida no varal. Última
lembrança amarga.
Para enfeitar realidade, é preciso imaginação.
Quando exílio é urgência, a gente esquece bagagem
supérflua no meio da estrada.
Casa dos meus sonhos fica bem ali, por trás do
irrealizável.
Quando duas pessoas se desentendem, uma não tem
razão.
Adianta pedir Justiça quando ré condenada sou eu?
Quando você voltar, será que ainda vai me
encontrar?
De que estou me escondendo?
Na hora do grito, a gente tem que tapar a boca.
Não sei por quanto tempo ainda conseguirei fugir
de mim mesma.
Fico preocupada quando vou embora de um lugar e o
adeus é para sempre.
Adeus. Cinco letras que valem um Dicionário
inteiro...

(Do livro "cronicas do amanhecer").
Maria José Limeira é escritora e doce jornalista
democrática de João Pessoa-PB


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