Como já salientei diversas vezes, hoje não se costuma muito cogitar-se do demónio, capeta, satanás e outros sinónimos. Todo mundo se encontra preocupado em levar uma boa vida e , evidentemente, belzebu é má companhia, pois cria casos, brigas, separações et caterva. Essa boa vida também, é evidente, depende do dinheiro. Assim, espontaneamente, associamos o demónio com o dinheiro.
O dinheiro, parece, tomou conta do mundo e os assuntos que giram em torno dele prevalece em todos os àmbitos, desde as mais elevadas esferas governamentais até as mais humildes taperas. O governo só fala em FMI, reduzir despesas e aumentar impostos e o cidadão comum recebe os mais desinteressantes telefonemas, cartas de cobrança etc., todos clamando que são credores e exigem os pagamentos das dívidas sem qualquer apelação. Diz-se que a crise está instalada (e ela sempre existiu no Brasil, pois dela sempre se falou) e o momento é de sacrifício (naturalmente para os menos afortunados) e outra coisa não se deve fazer, a não ser trabalhar e aumentar o PIB a qualquer custo .
O brasileiro desesperado e carente de instrução (pois disso não se cogita de maneira eficiente), não sabe o que fazer. Aí entra o demónio, todo sorrateiro, com suas mercadorias de primeira linha : bebida, jogos, prazeres (drogas para os mais avançados na escala dos vícios) etc. Aqueles que "seguram as pontas", os mais religiosos, também se sentem intranquilos, pois não acham mais tempo para rezar, dedicar-se a boas leituras e outras atividades tonificantes do espírito. O demónio, a essa altura, esfrega as mãos regosijante com o próprio sucesso.
Está escrito nos Evangelhos que ninguém pode servir ao mesmo tempo a dois senhores : a Deus e ao dinheiro. Nota-se por aí, que o demónio e o dinheiro são a mesma coisa ou, em outras palavras, que o capeta é o maior banqueiro do Universo. Não estou querendo insinuar que banqueiros , bancos, o dinheiro sejam o próprio capeta ou coisas endiabradas. Estou querendo dizer que o demónio manipula o dinheiro e se serve dele para induzir o homem ao pecado.
O dinheiro, afinal é a moeda, a forma encontrada pelo homem para facilitar a troca dos produtos que cria, fabrica ou faz gerar com o seu trabalho. Infelizmente quando não é bem administrado pode levar o seu possuidor ao pecado, ou seja a fazer tudo que é contra Deus ou o seu semelhante. Aprendamos a lidar com o dinheiro. Saibamos tirar proveito da sua força e, o possuindo, levemos alegria à queles que dele necessitam, generosamente os socorrendo em suas necessidades.