As manhãs, as tardes e as noites são as mesmas, tudo parece correr dentro da normalidade. Funcionam as escolas, os hospitais, o comércio e todas as demais atividades. Mas, no ar, paira um silencioso clamor de insatisfação e insegurança que todos, cada um à sua maneira, procura definir e os mais atilados ou extrovertidos emitem opiniões. Tornou-se um lugar comum dizer que faltam empregos. Ora, como arrumar emprego para os milhares de desocupados? Acomodá-los nas Prefeituras, repartições do Estado, bancos, escritórios em geral ? Nota-se que o problema é difícil pois o número de desempregados é sempre maior do que o número de vagas.
Quando falam que precisam intensificar a reforma agrária se encontram mais perto da verdade. Pois, da terra é que se pode tirar o sustento para a vida. De escritórios é que não saem nenhum alimento e assim se conclui que as atividades agrícolas é que precisam ser incentivadas, pois o que interessa para o homem é poder sobreviver com os frutos que a mãe terra oferece. Quando no desespero querem diminuir a renda de muitos, inclusive daqueles que durante toda uma vida aplicaram bem os seus talentos para a repartir com os menos favorecidos, mostram que são incompetentes, que não discernem bem o cerne da questão, a raiz do problema.
Aquilo que realmente está faltando, a maioria sabe mas se omite em esclarecer. Seja por comodismo, vergonha, envolvimentos "pegajosos" ou por se tratar de questão moral ou "ética", tão difícil de ser abordada por envolver conceitos religiosos ou "teológicos". Os mais agressivos chegam a dizer que o que está faltando "é vergonha na cara", como tinha dito outrora Capistrano de Abreu em seu célebre projeto para a Constituição dos Estados Unidos do Brasil, composta de apenas dois artigos : 1º - todo brasileiro deve ter vergonha na cara; 2º- revogam-se as disposições em contrário. O que está faltando mesmo não é somente a formação moral , que muitos podem até possuir, mas agir de acordo com ela , onde estão inclusos os princípios éticos estabelecidos pelo Decálogo. Quanto não se furtou na chamada indústria da seca, na previdência social e inúmeras outras obras públicas e situações semelhantes? Se todos esses biliões de reais desviados pelos ladrões do erário tivessem sido aplicados na educação e na solução dos problemas que afligem as camadas sociais inferiores, o pais certamente estaria bem melhor, caminhando com mais desenvoltura.
Portanto, o que está faltando é formação ética da e para a elite governamental, sendo que o povo - já que nos encontramos em um regime democrático, deve receber, outrossim, a competente e adequada educação, onde os princípios morais devem ser ressaltados com veemência. Esse trabalho, que deve se iniciar na família, referendado pela Igreja e complementado pela educação escolar em todos os seus graus, precisa ser retomado com vigor e urgência pelas autoridades e responsáveis pelo país.
