A queixa é geral. Poucos se encontram satisfeitos com si próprio, com a família, o emprego, a escola, os estudos, os divertimentos e tudo o mais. Essa a verdade indiscutível, porém, os indobráveis, os lutadores, aqueles que jamais desanimam e perseveram até o fim, para se manterem indómitos na batalha, disfarçam, tornam-se eufêmicos, iludem o doente terminal: "está tudo bem, vamos superar mais essa , coragem". Realmente, temos que nos superar intimamente para prosseguir alegres na caminhada do dia a dia.
Mas, se indagarmos : quem é o culpado por esse estado de coisas? Cada um poderá dar uma resposta: é o presidente, o congresso, o judiciário, a polícia, a televisão, a miséria e assim por diante. Verdadeiramente, porém, nós somos os culpados porque a sociedade nada mais sendo do que o conjunto de indivíduos, estes é que organizariam tudo direitinho, tudo como deveria ser. No fundo, no fundo, descobre-se que o grande vilão da história é a falta de formação religiosa e moral E os castigos divinos sobre os quais já escrevi alhures devem andar por todos os cantos.
Vivemos em oração, por acaso, não puxando o terço ou frequentando a Igreja o dia inteiro, sim, tendo propósitos de tudo que fazemos estar implicitamente vinculado a um espírito de oferta ao nosso Deus ? Evitamos as más ações, damos bons conselhos, procurando facilitar o próximo em tudo que está ao nosso alcance , não enchendo-lhes a paciência ou lhes causando aborrecimentos, desgostos e sofrimentos ? Meus amigos, o pecado da sociedade - e portanto nosso--, é que nos encontramos tolerantes demais para com o crime e os seus agentes, não os repelindo e os punindo como deveriam. Assaltantes e assassinos de todos os tipos não só não são punidos com rigor, sendo que agora, volta e meia , são resgatados pelos comparsas ( a "generosa" mídia diria "colegas"), trombeteando alto e bom som a vitória do crime sobre o procedimento honesto.
A sociedade está tão omissa e conivente (nós, portanto) que absolutamente estanha que haja roubos e homicídios, assaltos à bancos e à residências, fugas, rebeliões e resgates de presos e que criminosos se organizem em facções. Não fazemos nada, suportamos tudo. Não protestamos, não reclamamos, toleramos tudo. Chegamos até a apreciar as notícias sobre crimes, programas eróticos e violentos impingidos pela televisão. Não existe uma conclamação popular para dar um basta a tudo isso. Como somos tolerantes demais, não podemos nos queixar do que se passa no país, em nossas cidades e por tabela repercute em nossas vidas.
E assim devemos continuar por muitos e muitos anos, salvo se a Divina Misericórdia vier atender as orações dos justos - aqueles que rezam pelos que não rezam, fazem sacrifícios por aqueles que nada fazem. A nossa esperança é essa. Porque, esperar da sociedade que aí está , tolerante e permissiva, será o mesmo que aguardar a despoluição dos rios e mares ou à chegada do homem à lua para a explorar definitivamente.