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cronicas-->Pai John Wayne? Nem pensar! -- 10/08/2001 - 15:37 (Maurício Cintrão) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ei, pai! É difícil mesmo. Quem falou que ser pai era fácil, mentiu feio. Não é fácil, não. É bem possível que você mesmo fizesse uma imagem distorcida do ser pai. Como eu, talvez tenha imaginado que, para ser pai, era preciso ser o super-homem, sonhando-se ídolo, modelo e mestre. Você tem que ser tudo isso, sim. Mas não do jeito cinematográfico que imaginava. Ser pai não dá Oscar. Ninguém aponta para você na rua e fala admirado: "olha, é ele, o pai!".

Ser pai é desdobrar fibra por fibra do saco. Tem que ter uma paciência espetacular. Muitas mulheres reclamam que são mãetoristas. O pai é motorista por definição contratual e nem tem direito de reclamar. Se reclama, já dizem que é meio frutinha. Se não dirige, então...

Do ponto de vista do marketing pessoal, ser pai é até meio sem graça. Você continua trabalhando do mesmo jeito (às vezes, até mais). As dívidas só aumentam. Os problemas se multiplicam. E a quantidade de coisas por consertar é assustadoramente maior.

O pai só ganha importància na hora de crise. "Vou chamar o seu pai para uma reunião!", diz o diretor da escola. E algumas escolas nem comemoram o Dia dos Pais! O filho briga na rua e o pai lutador de jiu-jitsu do colega que apanhou fala com aquele vozeirão: "eu vou acertar as contas com o seu pai!". O filho apronta em casa e a empregada vai logo falando: "pera aí que eu vou telefonar para o seu pai!".

Tem um lado positivo. Ninguém xinga ninguém falando mal do pai. Ou você já ouviu alguém xingando "é o pai!!!"? Se um outro motorista gritar para você "seu filho da mãe!" dá direito a duelo. "Seu filho do pai!" eu nunca ouvi. Eu, por exemplo, acharia até engraçado um xingo desses.

Não, ser pai não dá o mesmo status de palavrão conferido às mães. Só se você pisar na bola. Se for mau político, por exemplo. Aí complica. Mas vai ser xingado pela profissão, não por ter filhos.

Agora, cá entre nós, tirando a brincadeira machista, eu adoro ser pai. Porque se não o fosse, não seria nada. Sou cada vez menos um super herói idealizado. Até aprendi a chorar em público e desenvolvi uma certa condescendência em relação às minhas incapacidades.

Respondo para a Jéssica, de seis anos, que nem desconfio o que seja um blaqueossauro. Não escondo minha falta de jeito quando a Mónica, de oito, vira para o garçom do restaurante e diz, "você é lindo!". Devolvo o mesmo olhar de espanto para o João Paulo, de 10, quando ele não consegue acionar um joguinho no computador. E falo humildemente para o Gabriel, de 20, que ele tinha razão e eu estava errado: o governo FHC é um porcaria e isso não é discurso imaturo de quem acabou de entrar na faculdade.

Ser pai, meu amigo, não tem nada do hollywoodiano galã que pode tudo. Ser pai é ser limitado e torcer apaixonadamente para que os filhos não aprendam os mesmo defeitos. Ser pai é voltar a ser filho. Ser pai é reaprender com os filhos. E revisar as relações com o pai que já se foi ou está velhinho com a ligeira sensação de ter desperdiçado muitas lições.

Maurício Cintrão
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