Despreparo: se uma jornalista, por descuido rápido, deixa visualizar pequena parte de peça íntima, não deve (nem deveria!) ser condenada e desrespeitada por isso.
Relembro aqui passagem de quase 50 anos, que evidencia como a licenciosidade vem tentando ofuscar o profissionalismo.
Era década de 1970. Antes de iniciar o serviço, conversávamos debaixo do prédio 3 rapazes (talvez nem namorada tivéssemos). Falávamos do comprometimento com os afazeres múltiplos e reforçávamos a falta de estrutura (computador nem pensar... era privilégio de superiores mais agraciados).
Nesse ínterim, passa por nós moça muito formosa e apressada (provavelmente tivesse de chegar mais cedo e ainda registrar a frequência no relógio eletrónico).
Um colega observa e comenta:
- Puxa! que jovem linda!
Outro, que a conhecia do Gabinete do Senhor Presidente, completa:
- Pois é... e ela trabalha, com desenvoltura, em máquina IBM elétrica, de correção, de esferas.
Nós, na realidade e com muito esforço, gravitávamos em máquinas de datilografia, antigas, e sem direito a correções. Se errássemos algo (escrita com carbono), teríamos de nos virar. E virávamos. Sempre demos conta das tarefas.
Moral da história: o equipamento moderno da secretária (para época, é claro!) passa a ser mais fundamental que a sua beleza.
* Brasília, DF, 17/10/2017. Por ocasião de comentários deselegantes e injustos com a apresentadora da Globo, Ana Paula Araújo, excelente profissional e bonita.