Hermenegildo, funcionário antigo de certa estatal, decepcionado com o procedimento dela em selecionar candidatos aos cursos que oferece, principalmente os de pós-graduação, desabafa com o seu amigo confidente.
Prezado Fulano:
- Com frequência, a empresa oferece, em áreas de interesse administrativo, cursos de pós-graduação aos funcionários trabalhadores e também aos subservientes que só abanam a cabeça para concordar com a chefia, tentando garantir a função que exercem (gratificada e economicamente muito acima do merecido).
Num teatro de qualidade incerta e pseudodemocracia, faz pesquisas para conhecer o interesse dos prováveis candidatos, que ilusoriamente se manifestam na esperança de que o sonho se realize.
São muitas as vantagens. Em contrapartida, não são poucas as exigências.
Aspirantes internos não faltam. Há disposição para inscrever-se. Desejo de melhorar os conhecimentos, de aspiração a cargo melhor e até salário maior.
Há, porém, a ausência de seriedade no processo, que sempre recai nos apadrinhados. Embora haja muito mais pretendentes do que o número de vagas, não há como justificar, convincentemente, determinadas escolhas.
Além do mais, fica, também, a pergunta: pós-graduar o quê, se nem o básico foi graduado corretamente?
Os currículos selecionados nem sempre são os que apresentam boas notas em matérias afins no correspondente curso superior.
Parece que esse expediente reclama revisão, porque é injusto, desestimulante e inócuo.
- Que acha, amigo?
Em resposta o interlocutor sentencia:
- Como se expressam os modernos: "Falou e disse." Além do que: manda quem pode e obedece quem precisa e tem juízo.