A cidade amanheceu assim - uma noite no meio da manhã.
Chuvosa, escura e triste. Não sei por que as pessoas se sentem mais tristes em dias assim. Eu me torno melancólica, com vontade de nada. Voltar para a cama, dormir e só despertar com um novo dia, de sol?
Onde meus sentimentos também despertem mais acesos?
Talvez...
- Mas isto não me fará mais feliz, nem irá clarear o dia!
Bom mesmo, em um dia desses, é enrolar meus pés com os teus,
no silêncio de nosso amor, deixar-me abraçar até quase sufocar,
roçar teus pelos, arrepiar de paixão!
Fazer da cama o nosso porto seguro, onde as palavras,
sussurradas em Dó menor, preencham a ausência de claridade das ruas. Bom é confundir nossa respiração ofegante,
depois calma, acompanhada de um chocolate quente!
- Ou uma taça de vinho tinto, levemente resfriado - quem sabe?
Hoje eu cheguei à janela do apartamento,
fotografei e filmei a noite (o dia) que se faz noite!
Quase ninguém! Ruas desertas!
Nem pessoas, nem carros - só a chuva e escuridão,
rondando meus pensamentos solitários e cheios de fantasias.
Fantasias irrealizáveis, que não ouso confessar!
- Esse dia escuro é um tanto quanto afrodisíaco!
Hoje, vou me permitir não pensar - nem assistir -
a acontecimentos que tornem esse dia mais negro!
Não quero saber de confrontos na cidade,
de sequestros e cárcere privado, de jovens se matando
por nada, que mais se assemelha a um filme
- gênero catástrofe - de Steven Spilberg!
Hoje, nesse dia - que é noite - quero me fortalecer em teu amor!
- E sonhar paixões, ainda que proibidas e impossíveis!