Vivemos num tempo em que bancos poderosos, dispensando milhares de funcionários, pedem ajuda financeira aos governos. Passamos por um período no qual empresas tradicionais da indústria automotiva, vendo-se em dificuldades, rogam dinheiro à s administrações públicas.
E apesar disso, de ser notória a noção de que emprego não é fácil de encontrar, quando diante do assunto adolescentes, ainda nos surge o veho discurso "tem que trabalhar".
Nem sempre o verbo trabalhar implica em relação na qual alguém mais antigo, com equipamentos e instalações, disponibiliza espaço para ações de outrem, mediante o pagamento de salários.
O açulamento "tem que trabalhar" poderia ser substituído pelo "aprenda a fazer alguma coisa". A consciência de que ignoramos a técnica de atividades tais como a de eletricista, encanador, manicure, cabeleireiro, jardineiro ou outra qualquer, poderia nos estimular a conhecê-las.
Afinal a prestação de pequenos serviços também está incluída no conceito trabalho. Mas se não dispomos de tempo, boa vontade e muito menos do numerário suficiente para o pagamento do aprendizado da nova profissão, a quê poderíamos nos dedicar?
Tendo na mente que qualquer atividade útil ao nosso semelhante é bem vinda, poderíamos desde logo acrescentar que obstaculizam o caminho natural das coisas, as nossas próprias deficiências.
Uma das profissões que considero das mais respeitáveis é a de cabeleireiro. Por meio dela seres, digamos, mais sensíveis, emotivos e delicados, exercitam suas habilidades, ganhando o pão diário.
Há muito tempo atrás - uns trinta e cinco anos, mais ou menos - tive oportunidade de conhecer um jovem que atuava nessa área. O albinismo que o caracterizava nunca foi barreira que o impedisse de aplicar as técnicas por ele dominadas.
O moço chegou a montar um salão de beleza suntuosíssimo. Lembro-me que ele cria em astrologia, numerologia e teosofia, falando muito sobre isso.
O cabeleireiro hábil fazia questão de dizer sempre, quando se encontrava comigo, que o fato de ter nascido sob o signo de Gêmeos, não significava ter ele duas caras, ser hipócrita. E o que ele dizia na presença de uma pessoa, confirmava na ausência dela.
Iniciei a evitação da companhia, quando percebí que os interesses libidinosos do jovem, se dirigiam a mim. Não que eu fosse preconceituoso. É que minhas tendências nunca tinham chegado à quela situação.