Ela levanta o copo, o braço num àngulo de 30 graus leva a cerveja á boca e bebe, uma displicente gota escorre pelo canto da boca, contorna seu queixo e desce rapidamente secando-se lentamente no caminho até entrar pela blusa e se perder de minha vista. Ela sorri, meio sem graça, os olhos fecham, os dentes reluzem numa fileira brilhante de sutis diamantes, e me desarma, e me entorpece, e me sublima a alma, leve, quase me leva, fico, retomo a mim mesmo e volto a terra. Inclina o corpo pra frente, o queixo em debandada á minha direção, oferece os lábios, molhados, rubros, carne casta, flor de maio, aberto levemente pedindo sem dizer nada um beijo. De prontidão junto meus lábios no dela, me perco de novo, dessa vez não volto, nem quero, e o beijo é quente, úmido, resplandece o indizível; mãos ansiosas acariciam, dedos que marcam, puxam o que encontrar, sente-se o gosto e tudo se desfaz. Aqui habita a esperança e a paz, algo indescritível e flores brancas. Ela é de uma sensibilidade que transgride, que transforma, e me deixo ir assim, onde ela quiser me levar, sem respostas pra nenhuma das perguntas que almejo criar, só sinto toda sua vibração, e me entrego simplesmente nas mãos dessa menina que me trouxe tudo o que não mais tinha, e outros itens raros, e cerveja, e sensatez.
Te amo.
T.S.H.