Havia uma garça à beira-mar. Uma bela e solitária garça pousada sobre algumas pedras observando o infinito. Havia uma jovem mulher caminhando à beira-mar. Uma bela e solitária mulher observando o mar. Observando a garça, admirando a paisagemr, vislumbrando além do infinito. As duas em busca de algo, ou talvez de nada. Embevecidas, embebidas em pensamentos ermos. Estariam em busca de respostas?
Tão pequenas e solitárias pareciam parte de um quadro, uma pintura surrealista, um pingo de tinta derramado sobre uma tela.
Grãos de areia , solitários frágeis, pérolas, cujas simples presenças modificam o ambiente, tornando-o único e inesquecível.
Femininas, esguias e únicas diante de tamanha imensidão. Dignas de reflexão. Motivo de susto.
De repente, a garça alçou vóo lembrando um bailado, e mansamente afastou-se do quadro. Voou, voou e voou , perdendo-se no espaço. Quem sabe em busca de outro quadro onde pousar.
Logo ali, a jovem mulher acompanhou com os olhos, aquela viagem que parecia interminável e descobriu-se a sonhar. A imaginar outro lugar, outras pessoas, diferentes quadros. Mal sabe ela que sua presença também é observada e que ao sair do quadro também deixará um grande espaço vazio.
É isso, normalmente não temos noção da importància que temos e passamos períodos enormes do nosso tempo nos cobrando posturas. Dificultando as nossas vidas sem nos dar conta de como seria mais fácil, simplesmente viver.