O Diário de Tupinambicas das Linhas, na opinião de muita gente, não passava de um jornaleco nojento, adulão, porta-voz de Jarbas o mocréico, corrupto, e da seita maligna-do-pavão-muito-bem-louco.
A quadrilha que dilapidava o dinheiro público, mantinha na sua agenda de pagamentos, a diretoria toda do pasquim escova-botas. Tudo na empresa funcionava com o dinheiro da comunidade.
Em troca, é claro, o periódico chaleira tinha o compromisso de se manter alinhado com as idéias, preconceitos e juízos de valor do partido injusto.
Os conceitos autoritários, retrógrados, antiquados e ultrapassados eram divulgados como se atuais fossem. A noção da chegada de novas técnicas e obsolescência do periódico lambe-cu era obscura, e se em algum momento se aclarasse, prontamente era negada como no mecanismo psicológico de defesa.
Esse esquema todo tinha por objetivo a manutenção daquele grupo de pessoas no poder, junto à opulência vicejante, nos entornos dos cofres abarrotados de dinheiro acumulado com os impostos.
Se houvesse uma frase justificadora das atitudes dos integrantes da súcia aboletada no poder seria essa: "trabalhando para garantir o uísque dos netos".
Não era á toa que o fuinho bigodudo completaria vinte anos de mamadura da seiva ascendente coletiva. Eles tinham que se arrumar na vida de algum jeito, de alguma forma. E não houvera outra melhor, percebia-se muito bem, do que essa de político.
O descaso, a negligência e os erros cometidos com as coisas públicas eram logo concertados (ou tentavam concertar) inventando resoluções e leis feitas de afogadilho.
Aos prefeitos e vereadores presos por corrupção não bastava somente a execração pública, mas era premente a devolução do produto do crime.
Os bons costumes, a moral e as leis exigiam dos demais integrantes, dos poderes constituídos, a execução das penas impostas aos infratores, sob ameaça de verem sem valimento e desnecessárias as tais instituições julgadoras.
Afinal pra que tanta lei, tanto código, tanta jurisprudência e tanta doutrina se contra os depravados vigorava a impunidade?
Muitos pensavam ser ainda cedo para crerem na tese de que o Judiciário fosse semelhante à s teias de aranha, que detinham os insetos pequenos, mas eram rompidas pelas aves bicudas.
Mas... até quando?